O globo, n.31371, 28/06/2019. País, p. 13

 

Míriam Leitão é homenageada por associação de jornalismo

Tiago Aguiar

28/06/2019

 

 

A jornalista Míriam Leitão, colunista do GLOBO, foi homenageada ontem por sua contribuição ao jornalismo durante o 14º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Considerada uma das principais profissionais da imprensa no país, Míriam tem 47 anos de carreira.

— Felizmente essa homenagem é informada antes e a gente vai se acostumando. Porque eu estou assustada, esse prêmio é muito grande. A Abraji é a mais importante, a mais forte representação de jornalistas brasileiros, de qualquer época. É a grande associação de jornalistas brasileiros, é o meu povo. E o meu povo está dizendo “ok, até aqui tudo bem” — disse Míriam Leitão, emocionada.

Antes da premiação, a Abraji exibiu um minidocumentário com a biografia de Míriam. Em seguida, Daniel Bramatti, presidente da Abraji, e Guilherme Amado, colunista da revista Época e vice-presidente da associação, a entrevistaram por 15 minutos. O presidente da Abraji disse que o prêmio é um reconhecimento à sua trajetória como profissional:

— Ela é uma referência para quem faz jornalismo hoje e para quem vai fazer jornalismo um dia. E também é uma pessoa muito importante para homenagear nesse contexto de ataque ao jornalismo. Ela recebe todo tipo de ataque, resiste e triunfa.

Durante a cerimônia, Míriam lembrou de nomes que já receberam o prêmio:

— Quando eu pensava nas pessoas que receberam... Rosental (Calmon Alves), o Clóvis Rossi recebeu. E o Clóvis é imenso. É o repórter que viu o mundo e veio nos contar como era. Marcos Sá Correa que me ajudou tanto. Pessoas que eu admiro muito, mulheres que eu amo: Elvira Lobato e Dorrit Harazim. Mitos: José Hamilton Ribeiro e Joel Silveira. Zuenir Ventura foi ano passado e esse ano sou eu. Caramba, eu estou com essa turma toda.

Além dos nomes lembrados por Míriam, já receberam o prêmio Paulo Totti, Lúcio Flávio Pinto, Janio de Freitas, Tim Lopes, Elio Gaspari, Santiago Andrade e Carlos Wagner.

Após a breve entrevista, Míriam falou à plateia formada por jornalistas e estudantes e fez um discurso que lembrou familiares, colegas e o início da carreira:

—O que serve para a gente se orientar é pensar numa frase do Julio Cortázar, escritor argentino. Ele foi para o exílio na França e começou a ser criticado pelos generais argentinos da ditadura que falavam assim: “Ele não é argentino”. Ele então deu uma entrevista à Veja, em que disse: “Eu sei onde tenho meu coração e por quem ele bate”. Enquanto meu coração bater, ele baterá por esses valores.

Míriam fez uma defesa enfática da democracia e do combate às desigualdades, defendendo uma participação maior de negros e de mulheres nas redações.

O diretor de Redação do GLOBO, Alan Gripp, destacou a dedicação da colunista:

— Míriam é um orgulho e uma inspiração para nós do GLOBO e do Grupo Globo. Mesmo sendo uma das mais consagradas jornalistas do Brasil, trabalha todos os dias com a garra de uma jornalista em começo de carreira. A homenagem é mais do que merecida.

Antes da homenagem, os organizadores pediram uma salva de palmas para lembrar os jornalistas Cláudio Abramo, Ricardo Boechat, Otavio Frias Filho e Clóvis Rossi, mortos recentemente.