Título: Pressão força CEB a abrir o caixa
Autor: Garcia, Larissa
Fonte: Correio Braziliense, 26/10/2012, Cidades, p. 31

A estatal do Distrito Federal deverá desembolsar R$ 443 milhões para corrigir falhas na rede e as sucessivas interrupções no fornecimento de energia. Furnas também aplicará recursos. Alterações deverão estar concluídas entre 2015 e 2020

Após a pressão do governo federal, a Companhia Energética de Brasília (CEB) apresentou ontem uma estimativa de R$ 443 milhões para a implantação de um novo procedimento de segurança no sistema de energia elétrica de Brasília. O orçamento, entretanto, ainda não está totalmente fechado. No total, devem ser desembolsados cerca de R$ 800 milhões, levando em conta os suprimentos de Furnas Centrais Elétricas. A meta é que as correções sejam concluídas entre 2015 e 2020.

"Com as mudanças, Brasília servirá de exemplo a outras unidades da Federação. Além disso, a capital do país, que abriga os três Poderes, deve ter um sistema de energia elétrica primoroso. O objetivo final é padronizar toda a rede brasileira", explicou o presidente da CEB, Rubem Fonseca. "Já tínhamos investido R$ 55 milhões em novas subestações, que devem ficar prontas até maio do próximo ano", completou. Hoje, a capital conta com o sistema N-1, ou seja, a falta de um elemento, como transformador, não causaria desligamentos. O governo federal, entretanto, cobrou medidas drásticas. É analisada a possibilidade de implementação do sistema N-2, que evita a queda de energia mesmo com falha em dois equipamentos.

Na segunda-feira, a empresa e Furnas Centrais Elétricas se reuniram com representantes do Ministério de Minas e Energia, do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para explicarem os dois apagões que atingiram o DF dia 12 último, quando cerca de 400 mil pessoas foram privadas de energia durante 40 minutos. Problemas na Subestação de Samambaia, de Furnas, foram os responsáveis por parte do apagão. Uma falha na rede básica da CEB afetou o Plano Piloto.

A Aneel informou que foi aberto um inquérito para averiguar as falhas e que, caso constatados problemas operacionais nas duas empresas, a penalidade vai de advertência a multa de 2% sobre o faturamento anual da companhia.

Intervenção As medidas discutidas no encontro foram divulgadas na quarta-feira pelo Ministério de Minas e Energia. O ponto mais relevante é a intervenção do Operador Nacional do Sistema Elétrico nas principais linhas de distribuição do DF. O órgão vai supervisionar redes de 138kv, como a de Águas Claras. Ainda assim, a rede local continua responsável pelas operações. O grupo faz reuniões periódicas desde segunda-feira para discutir medidas a fim de melhorar o sistema elétrico do DF. A cobrança do governo federal foi motivada por uma série de apagões ocorridos na capital. Em 25 de julho, uma queda de energia alcançou as subestações 3 e 6, que alimentam a área da W3 Norte e da Esplanada dos Ministérios por mais de uma hora. A população ficou no escuro após um animal ter esbarrado em equipamentos da Subestação 6, no Paranoá, causando um curto-circuito.

Em 2 de agosto, o fornecimento de energia ficou interrompido em parte da Asa Norte por quase duas horas durante a tarde. O problema ocorreu na Subestação 3, que alimenta metade da região, mas a CEB não soube dizer o motivo da falha. Em 4 de outubro, uma pane em um dos transformadores de Furnas provocou um apagão em toda a Região Centro-Sul e atingiu 70% do DF durante 40 minutos. A queda causou muito tumulto, principalmente no Transporte Metropolitano do DF (Metrô-DF).