O Estado de São Paulo, n. 46036, 02/11/2019. Internacional, p. A16

 

Bolsonaro diz que não irá à posse na Argentina

Mateus Vargas

02/11/2019

 

 

Brasileiro volta a dizer que apoiava Mauricio Macri, derrotado no primeiro turno, mas nega retaliação ao novo governo de Fernández

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, disse ontem que não vai à posse do presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández, em 10 de dezembro. “Não vou”, afirmou na saída do Palácio da Alvorada. Bolsonaro disse que torceu pela reeleição de Mauricio Macri, mas não adotará qualquer retaliação contra o novo presidente.

“Olha a Argentina na situação complicada em que se encontra. Nosso irmão do sul. Peço a Deus que dê tudo certo lá. Torci pelo outro, né. Já que (Fernández) ganhou vamos em frente. Não tem qualquer retaliação da minha parte”, disse. O brasileiro afirmou ainda esperar que Fernández não mude a relação com o Brasil. “Espero que eles continuem fazendo uma política conosco semelhante ao que o Macri fez até momento.”

O apoio explícito do brasileiro causou uma reação do chanceler de Macri, Jorge Faurie. Na quinta-feira, ele enviou uma carta ao embaixador brasileiro em Buenos Aires, Sergio Danese, condenando as críticas de Bolsonaro a Fernández.

A Argentina elegeu no domingo o peronista Alberto Fernández, cuja vice-presidente será Cristina Kirchner, que governou a Argentina entre 2007 e 2015. Aliado de Bolsonaro, Macri foi derrotado no primeiro turno. O presidente brasileiro já havia lamentado o resultado das eleições e dito que não cumprimentaria o vencedor.

Bolsonaro também ficou incomodado com uma imagem publicada por Fernández em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “O primeiro ato do Fernández foi ‘Lula Livre’, dizendo que está preso injustamente. Já disse a que veio”, declarou Bolsonaro.

Logo após a eleição, Fernández fez uma selfie ao lado de aliados fazendo o gesto de “Lula Livre” e pediu a libertação do expresidente brasileiro. “Hoje faz aniversário meu amigo Lula, homem extraordinário que está injustamente preso faz um ano e meio”, escreveu no dia da vitória. Na segunda-feira, Fernández utilizou o Twitter para agradecer uma carta que Lula lhe enviou e pediu novamente a liberdade do ex-presidente.