Correio braziliense, n. 20509, 16/07/2019. Política, p. 4

 

Mercosul se livrará do roaming

16/07/2019

 

 

O fim da taxa cobrada para ligações no Mercosul será o principal resultado do 54º encontro de cúpula do bloco, que ocorre desde ontem em Santa Fé, na Argentina, e acaba na quarta-feira. Na prática, o brasileiro que viajar para Argentina, Paraguai ou Uruguai poder usar o telefone celular sem pagar a taxa adicional, conhecida como roaming. O anúncio será feito oficialmente amanhã pelos presidentes Jair Bolsonaro, Mauricio Macri (Argentina), Tabaré Vásquez, (Uruguai) e Mário Abdo Benítez (Paraguai).

Bolsonaro decidiu viajar para Santa Fé apenas amanhã, voltando no mesmo dia, após a convenção. Inicialmente, a comitiva tinha planos para viajar ontem. “O presidente prefere fazer o bate-volta por questões de praticidade”, disse um assessor. O tema da reunião foi antecipado pelo Twitter da líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP). “Boa notícia”, disse, antes de explicar o fim do roaming.

No fim do ano passado, Brasil e Chile firmaram um acordo para o fim da cobrança desta taxa, mas a mudança acabou não entrando em vigor. Ainda não há prazo para o fim do roaming no Mercosul, mas, no Planalto, o comentário é de que “o presidente vai manter-se muito próximo do  assunto, que converge com a pauta econômica do governo e acabará sendo uma boa notícia ao povo brasileiro”.

União Europeia

Outro tema que será discutido na Argentina é o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, fechado no fim de junho, em Bruxelas. Somando os 28 países da UE mais os quatro do Mercosul, iniciativas firmadas poderão atingir 25% da economia mundial com a reunião de um mercado consumidor para bens e serviços que soma 780 milhões de pessoas.

“O impacto na economia será altamente positivo pela ampliação da demanda externa e pelas inovações, diz o economista José Luiz Pagnussat, da Escola Nacional de Administração Pública (Nepa). O acordo prevê que 355 produtos europeus (como queijo parmesão, champanhe e presunto de Parma) chegarão mais baratos. Do Brasil, sairão a cachaça de Paraty e o queijo da Serra da Canastra.

O Ministério da Economia calcula que o Brasil terá um impacto positivo de US$ 125 bilhões ao longo de 15 anos, devido ao acordo. Para o secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais, Marcos Troyjo, que participou das negociações, “o intercâmbio de produtos vai se intensificar e a expectativa é de que os preços caiam”. (B.B)