Correio braziliense, n. 20509, 16/07/2019. Brasil, p. 6

 

Sem cobrança em universidades

Ingrid Soares

16/07/2019

 

 

Sociedade » Ministro da Educação garante que graduação de alunos das federais não será paga. Hoje, haverá reunião com reitores para apresentar programa Future-se

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, negou ontem que o governo pretenda cobrar mensalidades de estudantes das universidades públicas, dizendo se tratar de fake news. Segundo ele, a redução de verbas para o ensino superior é uma aposta do MEC para aumentar o orçamento para a educação básica.

No domingo, Weitntraub já havia se pronunciado sobre o assunto, dizendo que as universidades federais continuarão públicas. Ele não falou, entretanto, sobre cobranças na pós-graduação. “Não há privatização alguma! Teremos um modelo moderno, que nos aproximará da Europa, Canadá, Israel, Austrália, EUA etc. A adesão das universidades será voluntária, permitindo separar o joio do trigo... as que quiserem ficar no atual modelo, poderão ficar...”, escreveu o ministro.

Weitntraub garantiu que a graduação não será paga pelos alunos das federais. “Manteremos a situação atual (pagadores de impostos), porém, a rápida deterioração das contas vista nos últimos anos será interrompida. Há avanços maiores e menos polêmicos que serão apresentados”, disse.

A discussão sobre gratuidade nas instituições federais surgiu depois da convocação feita pelo ministério aos reitores de universidades federais, marcada para hoje. Em nota, a Universidade de Brasília (UnB) informou que recebeu o convite “para participar de reunião institucional, com vistas a apresentar o programa ministerial”, mas que o documento não detalhava qual programa seria apresentado nem os temas tratados.

Future-se

Segundo o secretário de Educação Superior da pasta, Arnaldo Barbosa de Lima Júnior, um dos principais pontos a ser apresentado é o novo programa intitulado “Future-se”. Apesar de não detalhar ao certo como funcionará, o governo afirma que o projeto visa o fortalecimento da autonomia financeira das universidades e dos institutos federais e aproximará as instituições do Brasil ao desempenho dos países de ponta, no mundo.

Procurada pela reportagem, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior no Brasil (Andifes) afirmou que só se pronunciará sobre o assunto após a reunião.

O anúncio do novo projeto ocorre em meio ao contingenciamento de verbas das universidades federais e de obras da educação inacabadas. Até o momento, menos de 50% do Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos para a Rede Escolar Pública de Educação Infantil (Proinfância) foram terminadas. Ao todo, foram aprovadas 9.028 intervenções. Dessas, apenas 4.047 estão concluídas.