Correio braziliense, n. 20508, 15/07/2019. Política, p. 4

 

Busca de acordos para além do Mercosul

15/07/2019

 

 

Poder » Bolsonaro embarca para a Argentina, onde assume na quarta-feira a presidência do bloco, e diz que vai discutir com Macri alianças com Japão, Coreia do Sul e EUA

O presidente Jair Bolsonaro embarca para a cidade argentina de Santa Fé, onde participa nesta semana da cúpula do Mercosul. Antes da viagem, afirmou, em entrevista concedida ainda em Brasília, ao jornal Clarín, que vai discutir com o presidente da Argentina, Maurício Macri, novos acordos do Mercosul com outros blocos e países. Na lista, disse o presidente, estão Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos.

A 54ª cúpula dos países do bloco — Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai — será a primeira após o anúncio do acordo comercial com a União Europeia. O encontro também marcará a transmissão da presidência rotativa do bloco para Jair Bolsonaro — atualmente, o comando está com Macri.

A participação do presidente brasileiro no encontro será precedida de uma série de reuniões entre funcionários de governos e diplomatas, que vão discutir medidas para simplificar e desburocratizar as relações comerciais e institucionais entre os países do bloco e outras nações. “Será uma reunião fantástica, com a certeza de que nossos conselheiros do Itamaraty nos orientarão sobre como podemos fazer acordos semelhantes aos da União Europeia com outros países ou outros blocos”, destacou o presidente.

Na entrevista ao Clarín, Bolsonaro criticou a chapa formada por Alberto Fernández com a ex-presidente Cristina Kirchner como vice, que aparece empatada em várias pesquisas com Macri. Ele reafirmou seu apoio à reeleição de Mauricio Macri para que a Argentina “não siga a linha da Venezuela”.

O presidente brasileiro criticou o fato de Fernández ter dito que pretende revisar o acordo entre o Mercosul e a União Europeia. “Isso traz problemas econômicos para Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Estamos concentrados na economia. Um governo com a economia frágil não se sustenta.”

Visita a Lula

Bolsonaro ainda ressaltou que não quer ver Cristina “de volta ao poder”, embora também tenha dito que não pretende “interferir politicamente em outro país”. Para ele, o fato de “o candidato de Cristina”, Alberto Fernández, ter visitado o ex-presidente Lula na prisão em Curitiba “demonstra um completo desconhecimento do que acontece no Brasil”.

Ele afirmou que o PT tinha um “projeto de poder” e “assaltou as empresas estatais”, levando a Petrobrás “quase à destruição” e deixando “os fundos de pensão também quebrados”.

O presidente brasileiro disse ainda que, quando era deputado, fazia oposição ao Mercosul, “mas por sua tendência ideológica”. Ele relatou ter conversado anteriormente com Macri e que ambos decidiram que “essa tendência ideológica tem de deixar de existir”. “Temos de ir ao livre mercado e fazer acordos com a maior quantidade de blocos ou países do mundo.”

Bolsonaro também falou da economia interna e sobre as medidas que o governo tem tomado para reativar o crescimento. Segundo ele, a aprovação da reforma da Previdência é o objetivo no momento, mas que há outras agendas em andamento para desbloquear a economia.

“A MP da Liberdade Econômica, que nos próximos dias será transformada em lei efetiva, facilitará a vida dos empreendedores. Existem dezenas de medidas de desburocratização que facilitarão a vida da população.”

Segundo ele, a economia voltará a crescer já neste ano, com a aprovação da Previdência. Bolsonaro também afirmou que pediu ao ministro da Economia, Paulo Guedes, para lançar o programa “Minha primeira empresa”.