Valor econômico, v.20, n.4746, 09/05/2019. Brasil, p. A6

 

Encontro por Plano Mansueto termina sem acordo fechado 

Ana Krüger 

Vandson Lima 

09/05/2019

 

 

Sem qualquer acordo selado e sem a esperada apresentação do chamado "Plano Mansueto", de auxílio aos Estados, governadores saíram frustrados de café da manhã, ontem, com os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e líderes partidários.

O presidente da República, Jair Bolsonaro, passou brevemente pelo local. Suas poucas palavras não deram conta de acalmar os governadores. "Temos que facilitar a vida de quem ainda tem coragem de investir no Brasil, que é um esporte de altíssimo risco", disse Bolsonaro. Com agenda no Rio de Janeiro, o presidente deixou a residência oficial do Senado, onde ocorreu o encontro, e deixou as tratativas com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.

Os governadores apresentaram seis pautas prioritárias. O governo federal retrucou e disse que prioridade é a reforma da Previdência - e somente depois dela poderá dar respaldo a outras medidas. Com a maioria dos Estados em situação fiscal crítica, os governadores pedem que as medidas de socorro da União avancem concomitantemente à reforma. Governadores de 21 Estados estavam no encontro. Quatro enviaram seus vices.

O Plano Mansueto é o que de mais concreto foi anunciado aos Estados até o momento. Suas linhas gerais já foram divulgadas, mas nem sequer saiu do papel. Aliado insuspeito do Bolsonaro, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), relatou "frustração" e "constrangimento". "Vim aqui hoje [ontem] na certeza de que agora já estaria lendo o texto do Plano Mansueto e discutindo com os presidentes da Câmara e do Senado. Foi uma frustração."

Para Caiado, o governo está descumprindo o prometido anteriormente. "Fizemos a tarefa de casa. Tudo aquilo que o governo federal pediu, fizemos. Diminuir incentivos, a folha de pagamentos, levantar os contratos. Tudo na esperança de que viesse a autorização do governo [para Estados com baixa avaliação voltarem a tomar empréstimos, com a União como avalista]", afirmou.