O globo, n.31434, 30/08/2019. Mundo, p. 27

 

Eduardo vai a Washington agradecer a Trump

30/08/2019

 

 

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) deverá se reunir hoje com o presidente dos EUA, Donald Trump, na Casa Branca. Além de Eduardo, o chanceler Ernesto Araújo e o assessor internacional da Presidência, Filipe Martins, também estarão na capital americana.

Após participar de cerimônia no Palácio do Planalto, Eduardo confirmou ontem que embarcaria à noite para Washington. Ele disse que tratará da Amazônia e agradecerá a Trump por seu posicionamento na reunião do G7, em que o presidente americano elogiou o governo brasileiro na questão dos incêndios na região. O deputado disse que não se trata de um apoio de Trump a Bolsonaro, mas uma questão de “olhar os fatos”.

— Estarei ao lado do ministro Ernesto Araújo fazendo este

agradecimento como deputado federal, porque o peso norte-americano dentro do G7 é essencial e esse pêndulo veio para o lado brasileiro por uma questão de justiça. O que ficou claro é o presidente [francês Emmanuel] Macron usando a Amazônia para fins políticos —disse.

‘QUÓRUM APERTADO’

Trump teria se oferecido para levar a posição brasileira à reunião do G7 no fim de semana passado em Biarritz, França. Os incêndios na Amazônia foram postos em pauta no encontro por Macron, alvo de uma série de ataques do governo brasileiro por sua defesa de uma abordagem mais dura do grupo em relação à Amazônia.

O presidente americano, por sua vez, não compareceu à reunião sobre mudanças climáticas e biodiversidade com os demais líderes do G7, na qual acertaram ajuda emergencial de US$ 20 milhões (cerca de R$ 83 milhões) para conter os incêndios.

Assim como o presidente brasileiro, a política ambiental de Trump tem sido marcada pela defesa do afrouxamento das regulações que visam preservar reservas naturais e reduzir a emissão de poluentes. Entre as medidas tomadas pelo americano estão o abandono do Acordo de Paris sobre o Clima, ainda no primeiro ano de seu mandato. Trump questiona o aquecimento global e adotou uma série de medidas para alterar a política ambiental implementada por Barack Obama, seu antecessor, e governos anteriores.

A visita de Eduardo aos EUA antecipa reunião marcada para o dia 10, em Washington, entre representantes dos governos brasileiro e americano, quando serão discutidos projetos de interesse comum em nível ministerial. Segundo fonte do governo brasileiro, os EUA sugeriram o encontro “para dirimir qualquer dúvida de que há uma relação especial entre EUA e Brasil”.

A fonte explicou que a visita a Trump será de cortesia. Araújo, Eduardo e Martins terão reuniões ao longo do dia com o secretário de Estado, Mike Pompeo, o conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton, e o genro e assessor de Trump, Jared Kushner.

Eduardo negou que a visita possa ser encarada como atuação de embaixador antes mesmo de uma eventual indicação sua ao posto ser apreciada pelo Senado. Ele justificou que mantém bom relacionamento como governo americano desde o ano passado e disseque sua indicação à embaixada não será tratada com Trump:

— A embaixada tem que ser falada com os senadores. Eu já tenho o apoio dos EUA, através do agrément. Agora o que interessa são os senadores. Eles que vão decidir se eu vou ou não para a embaixada, não é mais o governo americano.

Na noite de quarta-feira, em jantar com senadores, Eduardo afirmou que o presidente Jair Bolsonaro fará a indicação dele à vaga no“momento certo ”. Segundo fontes, ele explicou que adem orana indicação se deu porque o presidente ainda estaria “inseguro” de ter os votos suficientes para aprová-lo. A avaliação de senadores é de que o quórum para o plenário “está muito apertado”.

Eduardo esteve com Trump na primeira viagem oficial de Bolsonaro ao exterior, a Washington, em março, e depois voltou a encontrá-lo brevemente no final de junho na cúpula do G20, no Japão. Em março, em uma quebra de protocolo, o deputado foi convidado para uma reunião com os dois presidentes, sema presença do chanceler brasileiro, Ernesto Araújo.