Título: A moeda de troca
Autor: Campos, Ana Maria
Fonte: Correio Braziliense, 28/10/2012, Política, p. 3
Na composição política para a reeleição e formação de chapas adversárias, a vaga para a disputa ao Senado é uma moeda e tanto. O governador Agnelo Queiroz (PT) mira nessa arma. Uma das medidas que adotou no último mês foi contemplar o então deputado federal Paulo Tadeu, que detém parte significativa do poder interno no PT, com uma vaga no Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF). Com o cargo vitalício, Paulo Tadeu deixou o embate para a corrida à vaga ao Senado em 2014. Abriu, assim, o caminho para o também petista Geraldo Magela, atual secretário de Habitação do Governo do Distrito Federal, que deseja se candidatar a esse posto.
Com a estratégia, Agnelo neutraliza também possível disputa interna para garantir sua candidatura à reeleição. Magela e Agnelo se enfrentaram nas prévias do PT em 2010 na escolha de quem representaria a legenda nas eleições ao Executivo. Entre pessoas próximas, Magela tem afirmado que sua preferência é concorrer ao Senado. Mas o petista terá de atrapalhar os planos do senador Gim Argello (PTB-DF), que tem estrutura partidária e recursos, para concorrer a novo mandato. Ele, no entanto, trabalha pela chance de disputar sozinho, quase sem concorrentes, e com candidato único da base de Agnelo.
No governo, Gim tem sido bem contemplado. Em agosto, conseguiu emplacar na secretaria de Desenvolvimento Econômico uma pessoa de sua confiança, o deputado Cristiano Araújo (PTB), antigo adversário de petistas, como o também distrital Chico Vigilante (PT). No páreo pela candidatura petista ao Senado, há ainda outro representante do PT na Câmara Legislativa, Chico Leite. Com essa pretensão, ele poderá levar a decisão da legenda para as prévias.
Reguffe Deputado mais votado na última eleição, José Antônio Reguffe (PDT) não deve concorrer a novo mandato na Câmara. Ele planeja disputar cargo majoritário, para o governo ou ao Senado. A intenção de Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) é fazer uma aliança com o PDT, como candidato ao Palácio do Buriti, tendo Reguffe no palanque na corrida para o Senado. “Está muito cedo para tomar uma decisão sobre 2014. Tenho muitos caminhos, inclusive deixar a política. Ainda vou decidir”, diz Reguffe.
Por causa da Operação Caixa de Pandora que derrubou os principais nomes do DEM, o partido é representado hoje apenas pelo ex-deputado Alberto Fraga. Ele concorreu ao Senado em 2010, mas não conseguiu se eleger. Por ter sido secretário de Transportes do governo Arruda, ele sentiu os efeitos da crise. Agora DEM e PSDB, que no Distrito Federal estiveram nos últimos anos a reboque de Arruda, tentam encontrar novos quadros. Entre os tucanos, uma aposta é o deputado Izalci Lucas (DF), que deixou o PR há um mês e se filiou ao PSDB.