Título: Temporada de negociações é aberta no DF
Autor: Campos, Ana Maria
Fonte: Correio Braziliense, 28/10/2012, Política, p. 3

A 20 meses do início da campanha oficial para o Palácio do Buriti, os principais nomes da capital começam a buscar apoios eleitorais

Com a derrocada de políticos envolvidos na Operação Caixa de Pandora, surgem dentro da própria base do governador Agnelo Queiroz (PT) potenciais candidatos ao Executivo que deverão enfrentá-lo nas eleições de 2014. Embalado na boa performance do PSB nas campanhas municipais em todo o país, o senador Rodrigo Rollemberg (DF), antigo aliado do petista, começa a despontar como o principal adversário do grupo que levou Agnelo ao poder há dois anos. Candidato à reeleição, o petista poderá duelar com Rollemberg, numa chapa apoiada pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF) e pelo deputado federal José Antônio Reguffe (PDT), com quem o petista dividiu o palanque contra o retorno de Joaquim Roriz, hoje sem partido, representado pela mulher, Weslian Roriz (PSC).

Fiel discípulo do presidente do PSB, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, Rollemberg comemorou a vitória de Geraldo Júlio no Recife contra o poderio petista dos últimos 12 anos no município. O senador do Distrito Federal sonha com um repeteco desse cenário na capital do país. A vitória socialista se deve ao prestígio de Eduardo Campos, mas também é creditada ao racha e à intervenção nacional na candidatura do PT no Recife. No primeiro turno, o PSB elegeu 308 prefeitos e obteve um aumento de 42%. O desempenho da legenda também foi vitorioso na prefeitura de Belo Horizonte, com a reeleição de Márcio Lacerda, ao lado do senador Aécio Neves (PSDB). Eduardo Campos tornou-se potencial candidato à Presidência com um pé no governo e outro na oposição.

Se Campos entrar na disputa pelo Planalto, Rollemberg brigará pelo Buriti. O senador, no entanto, aposta que mesmo com quadro oposto, com Campos na campanha ao lado da presidente Dilma Rousseff, sua candidatura ao Executivo deverá ocorrer. Rollemberg tem mandato até 2019 e pretende aproveitar 2014 para, no mínimo, marcar posição com os eleitores. Mais uma vez pensa como Campos, que pode usar o palanque para se fazer conhecido no Distrito Federal, como estratégia para 2018.

Para aumentar a chance de vitória, o PSB busca aliados entre petistas. Como em outras eleições no DF e em outras unidades da Federação, dificilmente, no entanto, o PT cederá a cabeça de chapa. “Ainda é cedo para falar em 2014. Por enquanto, dedico-me ao meu mandato de senador e a Brasília”, desconversa Rollemberg.

Na disputa pela reeleição, a principal meta de Agnelo é manter a ampla base de apoio a seu governo, que inclui não só o PMDB, aliado preferencial, como outros parceiros diversificados. Em entrevista ao Correio, o governador do DF disse que só não vai buscar PSDB e DEM. Todas as demais estão convidadas a alianças. Um dos que deve se manter ao lado de Agnelo é o vice-governador, Tadeu Filippelli, que domina a máquina do PMDB, tem bom trânsito partidário nacional, e mantém um acordo de divisão de poder com o petista na estrutura do governo. O acerto, no entanto, é com Agnelo.

Uma eventual candidatura alternativa do PT ao governo representa o fim dessa combinação, uma vez que peemedebistas e petistas se estranham há tempos na base dos dois partidos. Sem Agnelo, a chance de o PMDB lançar um candidato próprio ou aderir aos planos de outras siglas é grande.