Correio braziliense, n. 20512, 19/07/2019. Política, p. 3

 

Bolsonaro cita a amizade com Trump

19/07/2019

 

 

Além de insistir na nomeação do filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), para embaixador do Brasil em Washington (EUA), o presidente Jair Bolsonaro ressaltou a relação entre o parlamentar e a família do presidente norte-americano. “A amizade que ele (Trump) tem pelo meu filho não tem preço”, disse o chefe do Planalto, no evento de 200 dias de governo. Na cerimônia, ele tentou convencer os senadores presentes a aprovarem o nome do deputado para o posto diplomático. “Meu filho ia sair do Brasil, aí eu estimulei: ‘Eduardo, presta um concurso’. Passou para a Polícia Federal. Fala inglês e espanhol. Enquanto aguardava o recrutamento, foi para os Estados Unidos”, afirmou.

Bolsonaro voltou a citar as atividades do filho no exterior e disse não ter financiado a estada. “E ele foi fritar hambúrguer, entregar pizza nos Estados Unidos.” O presidente ainda ressaltou que, na visita à Casa Branca, Trump convidou Eduardo para participar da conversa dos chefes de Estado.

Após o evento, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), comentou o discurso de Bolsonaro. “Ele não está fazendo um apelo público, está falando isso desde o dia que ele criou o desejo de indicar o deputado Eduardo. Fala constantemente sobre isso”, contou. “Estamos falando sobre uma especulação de uma mensagem.” O senador adiantou que a votação para avaliar o nome do filho do presidente para a embaixada será fechada.

Ontem, Eric Trump, filho de Donald Trump, negou que assumirá a embaixada dos Estados Unidos em Brasília. “Eric está comprometido com os negócios (da família). Apesar de o Brasil ser um país incrível, isso nada mais é do que um boato”, afirmou a porta-voz dele, Kimberly Benza, ao jornal O Globo. (BB, HF e RC)

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Amorim defende classe

 

 

 

 

 

Jorge Vasconcellos

19/07/2019

 

 

 

O ex-chanceler Celso Amorim saiu em defesa dos quadros do Itamaraty, após o presidente Jair Bolsonaro afirmar que, desde 2003, os diplomatas que chefiaram a embaixada em Washington (EUA) não fizeram “nada de bom” para o país. “Eu não sei qual é a concepção do presidente para fazer essa afirmação, mas o quadro de funcionários do Itamaraty é altamente capacitado e respeitado internacionalmente”, disse ele, que foi ministro das Relações Exteriores de 2003 a 2011, nos governos dos presidentes petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

Segundo Amorim, no período citado por Bolsonaro, a diplomacia brasileira manteve seu prestígio e respeito internacionais. “Todos os embaixadores que chefiaram a embaixada brasileira em Washington são dotados do mais elevado nível de formação”, defendeu. Ele também citou momentos importantes da diplomacia brasileira, como o alto nível de diálogo com o então secretário de Estado americano, Collin Powell, “com quem mantive conversações sobre diversos temas, entre eles a Venezuela”. O ex-ministro ainda mencionou a boa relação mantida com os EUA no governo de George W. Bush. “É claro que a diplomacia pode ser eficiente também quando diz não, como foram as negociações sobre a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), que não correspondiam aos interesses do Brasil”, destacou.

“Eu me recordo que desde quando eu era 2º secretário a diplomacia brasileira já era considerada uma referência mundial, em razão do preparo intelectual de seus representantes, do compromisso com a não intervenção, com a autodeterminação dos povos e com a solução pacífica das controvérsias”, afirmou.