Correio braziliense, n. 20513, 20/07/2019. Política, p. 3

 

À espera do aval dos EUA

Rodolfo Costa

20/07/2019

 

 

Só o sinal verde por parte da diplomacia norte-americana segura a formalização da indicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a embaixada norte-americana. Foi o que indicou o presidente Jair Bolsonaro, ontem, ao afirmar que o termo técnico, “agreement”, foi enviado aos Estados Unidos. Resta somente a resposta. Sendo positiva, o governo formalizará uma mensagem ao Senado para sabatinar o filho, quando o Congresso retomar as atividades no mês que vem.
A existência da minuta técnica havia sido sinalizada pelo governo ao longo da semana, mas a declaração do presidente confirma a indicação de Eduardo. “Falta a resposta dos Estados Unidos. Uma vez havendo a resposta, a gente comunica ao Senado Federal para que seja marcada a data da sabatina”, explicou. Para ele, o governo norte-americano não vai vetar o “agreement”. “É uma praxe, um acordo, que atende uma legislação de Viena. Nesse sentido, temos que fazer isso aí. Duvido, acho muito difícil, ter um ponto negativo dos EUA. (Eduardo) vai ser nosso cartão de visita e sabe da tremenda responsabilidade que terá pela frente”, justificou.
O passo a passo no Senado, no entanto, tem um procedimento antes da sabatina. Quando a indicação chegar, o presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) vai escolher um relator, que, em sessão oportuna, vai apresentá-la ao colegiado. Somente depois é marcada a audiência da sabatina. O governo trata a indicação como prioridade máxima neste período de recesso parlamentar. A ponto de Bolsonaro ter se reunido na tarde de ontem com o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), para tratar do assunto. Embora seja o presidente da CRE, Nelsinho Trad (PSD-MS), o responsável pela condução da tramitação no colegiado, o demista pode se articular para mudar nomes no colegiado ou costurar uma base de apoio que favoreça a votação na sabatina.
Pessoas próximas a Alcolumbre dizem que o presidente do Senado costura com o governo a base de apoio para chancelar Eduardo à embaixada. No governo, interlocutores afirmam que o custo disso envolve cargos nos ministérios da Educação, do Meio Ambiente, e em agências reguladoras. O bloco MDB, PRB e PP participa da amarração política para puxar votos favoráveis não somente na CRE, mas também no plenário do Senado.
Argumentos
Bolsonaro evitou ontem dar mais detalhes sobre as conversas com Alcolumbre, mas manifestou que tem adotado cuidados, devido a “uma indicação tão importante quanto essa”. “Eu entro em campo para ganhar o jogo e acho que o Senado vai fazer uma boa sabatina, mas tenho certeza de que vai ser aprovada. Talvez haja viés político de alguns. Paciência. Espero que seja aprovado”, declarou.
O presidente voltou a usar o argumento de que a indicação de Eduardo não é nepotismo e que, se quisesse, poderia dar um ministério para o filho. “Posso, hoje, exonerar o Ernesto (chanceler brasileiro) e botar meu filho como ministro (do Itamaraty). Ele vai comandar mais de 200 embaixadores. Não que eu vá fazer isso, e não quero fazer isso, porque o Ernesto faz um trabalho excepcional”, ressaltou.

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Críticas a governos petistas e tucano

 

 

 

 

 

Deborah Fortuna

20/07/2019

 

 


Com pouco mais de 200 dias à frente do Executivo, o presidente Jair Bolsonaro já cogita uma disputa à reeleição. Em entrevista à imprensa estrangeira, num café da manhã ontem, ele fez duras críticas a governos anteriores, de Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. E disse esperar que uma política parecida com a dele continue no Brasil eternamente.
“Para a tristeza de vocês, se Deus quiser, tudo vai dar certo, uma política semelhante à minha vai continuar presente no Brasil de forma eterna. Não teremos mais pessoas como FHC, Lula e Dilma. O povo entendeu que essas pessoas não representavam o interesse do país”, criticou. O evento foi transmitido pela página oficial do presidente no Facebook.
Questionado sobre as eleições de 2022, Bolsonaro afirmou que considera uma futura disputa mediante mudanças no Congresso Nacional. “Sempre falei durante a campanha: se for feita uma boa reforma política, diminuindo o número de parlamentares federais, estaduais, municipais, entre outras, eu abro mão da reeleição”, destacou. Mas, segundo ele, como essa reforma depende do parlamento, tudo indica que não acontecerá. “Não estou mudando meu posicionamento da campanha”, frisou, ao fazer referência a uma declaração, de outubro do ano passado, de que acabaria com o “instituto da reeleição”. Além disso, o chefe do Planalto afirmou ser a primeira vez que um presidente da República “está buscando cumprir, com todas as forças, o que prometeu durante a campanha”.