O globo, n.31430, 26/08/2019. País, p. 06
Lideranças do Novo querem saída de Salles
Marco Grillo
26/08/2019
Lideranças do partido Novo no Rio apresentaram um pedido para que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, seja suspenso da legenda. A representação, que será avaliada pelo Diretório Nacional, é assinada pelo ex-candidato ao governo do Rio Marcelo Trindade, o deputado estadual Chicão Bulhões e Ricardo Rangel, que concorreu a deputado federal.
Há ainda uma solicitação para que seja aberto um processo na comissão de ética do partido, que poderá resultar na expulsão. O Novo é presidido por João Amoêdo, que foi candidato à Presidência no ano passado.
O texto encaminhado ao comando da sigla afirma que Salles vem “desdenhando de dados científicos”, “revogando políticas públicas sem qualquer debate prévio” e “atuando com absoluta irresponsabilidade”. A informação sobre o pedido contra o ministro foi antecipada pelo colunista Lauro Jardim, do GLOBO. Salles concorreu a deputado federal pelo Novo, mas não se elegeu. No fim do ano passado, foi convidado pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir o Ministério do Meio Ambiente. Segundo o documento, a conduta dele tem causado “dano grave” à imagem do partido e é contrária ao que a legenda defende na área ambiental.
Em maio deste ano, o Novo aprovou uma resolução que determina a suspensão dos filiados que exercerem cargos de primeiro escalão sem a indicação do partido. É o caso de Salles, mas a resolução tem efeitos apenas posterior à data em que foi publicada. A representação pede que ele seja suspenso do partido liminarmente, antes mesmo de o pedido ser julgado internamente.
CONDUTAS DIVERGENTES
“Anote-se que o ministro Ricardo Salles tem atuado com grande convicção na adoção de condutas divergentes com os programas do Partido Novo no tema ambiental, demitindo profissionais qualificados, desdenhando de dados científicos e revogando políticas públicas sem qualquer debate prévio, aprofundado e responsável, reduzindo a capacidade de interlocução do país com seus pares internacionais e atuando com absoluta irresponsabilidade. Isto, por si só, já constituiu violação dos princípios e valores do Partido Novo, que prega a atuação profissionalizada, e não politicamente motivada, dos agentes públicos”, diz a representação.
O texto também cita a condenação de Salles por improbidade administrativa, em função do período em que foi secretário estadual do Meio Ambiente em São Paulo. O ministro recorreu da decisão. Procurado, via assessoria, para comentar a representação de filiados do partido Novo, ele não respondeu.