O globo, n.31430, 26/08/2019. Economia, p. 17

 

De volta ao palco 

Bruno Rosa 

26/08/2019

 

 

Após espécie de ressaca pós-Olimpíada, o Rio voltou a sediar novos torneios e festivais. A cidade deve terminar o ano com 311 eventos, ante os 288 de 2018. Juntos, eles devem atrair meio milhão de turistas e injetar R$ 4,1 bilhões na economia carioca, estima o Rio Convention & Visitors Bureau.

Após uma espécie de ressaca pós-Olimpíada, com crise fiscal e da indústria do petróleo, o Rio volta a sediar novos eventos. A expectativa dose toré que acida determine o ano com 311 eventos, ultrapassando amar cade 288 do ano passado. Até dezembro, eles devem atrair cerca de meio milhão de turistas e já impulsionam diferentes segmentos, de hotéis à indústria de alimentos.

Entre os eventos que já ocorreram ou ainda vão ocorrerem 2019 estão o World Electronic Sports Games, que reúne fãs de jogos eletrônicos, e o Fair Saturday Rio, evento cultural de música e dança que ocorre todo sábado seguinte ao Black Friday em mais de cem cidades no mundo simultaneamente.Será a primeira vez que o Rio vai aderir à iniciativa.

Ao lado de outros grandes eventos tradicionais, como Rock in Rio e Bienal do Livro, eles devem injetar na economia da cidade pelo menos R$ 4,1 bilhões neste ano, de acordo com estimativas do Rio Convention & Visitors Bureau (RioCVB) e da Fundação Getulio Vargas.

—O pessimismo com acrise começa adar sinais de melhora. Só congressos e seminários vão gerar impacto na economia de R$ 2,4 bilhões, alta de 3% ante 2018 — diz Philipe Campello, diretor do RioCVB.

Alista de eventos inclui ainda o Mondial de la Bière, voltado para cervejas artesanais, e a OTC Brasil, que reúne a indústria do petróleo.

CIDADE DAS ARTES CRESCE

Toda essa agenda movimenta os hotéis, que já têm ocupação média de 70% neste ano, alta de 16% ante 2018. No Vogue Square Fashion Hotel, na Barra da Tijuca, já não há mais vagas para os dias de eventos, conta Isabel Giassone, gerente-geral do hotel:

— Contratamos mais de 20 pessoas, com ocupação média de 40% neste ano. Em 2018, era 25%. Passamos a atrair eventos para o hotel.

No segmento de alimentação, a rede de pizzarias Pappa Jack criou um departamento só para os eventos. Depois de participar do carnaval na Sapucaí, a rede estará no Mondial de la Bière.

—Os eventos já são 15% do faturamento. No Mondial, vamos ter capacidade para vender três mil pizzas por dia e vamos contratar 12 pessoas —afirma Jacks Chreem, diretor de Marketing da rede.

Os eventos também têm ganhado novos endereços. Um exemplo é a Cidade das Artes, na Barra, que neste ano deve fechar com 50 festivais e feiras, atraindo 300 mil pessoas. Em 2018, foram 44 eventos. Andre Marine, presidente da Fundação Cidade das Artes, ligada à Prefeitura do Rio, diz que a receita deve chegar a R$ 4 milhões neste ano, ante R$ 3,5 milhões do ano anterior:

—Depois das Olimpíadas, o Rio passou por uma ressaca, agravada pela crise. Agora, começa a se recuperar.

Na sexta-feira que vem, começa a Bienal do Livro. Serão mais de 12 mil empregos. Tatiana Zaccaro, diretora da Bienal, espera 600 mil pessoas em dez dias:

— Serão ainda cerca de 600 autores. Estamos na ocupação máxima.

Em setembro, é a vez do Mondial de la Biére, que deve reunir 45 mil pessoas, sendo 12% de fora da cidade. Luana Copler, diretora da GL Events, que organiza o evento, destaca a parceria com o sindicato de bares para fazer uma espécie de rodada de negócios:

— O evento já entrou no calendário do Rio.

MEDINA: ‘TURISMO É VOCAÇÃO’

No mesmo mês, o Rock in Rio vai atrair 770 mil visitantes, dos quais 450 mil de outros estado sede 58 países. O R $1,7 bilhão que esse contingente de pessoas vai movimentar, diz Roberto Medina, criador do evento, é maisque o R $1,4 bilhão de dois anos atrás:

— Avocação do Rio é o turismo. Mas é preciso uma política integrada de eventos e segurança pública. Como Rock in Rio e o Game XP, mostramos quedá para fecha racontas em a necessidade de recursos públicos. Por isso, a criação de um calendário de eventos precisa virar projeto de governo.

Uma das estratégias és e associara instituições internacionais. Foi oque fez a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica para a Jornada Carioca, que se associou a Baker Gordon (simpósio internacional). O evento foi realizado em agosto e atraiu mais de 1.500 pessoas, gerando R $5 milhões em receita para o Rio.

—Cerca de 20% do público são estrangeiros — diz André Maranhão, da Sociedade Brasileira de Cirurgia.

O setor de petróleo também é destaque. Segundo o Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), serão 16 eventos em 2019, o dobro do ano passado. O maior deles será aOTC Brasil, que deve reunir 15 mil pessoas, 25% do exterior.

—A OTC faz parte do evento que ocorre em Houston . Temos ainda o TechWeek, primeiro evento brasileiro focado em tecnologia —diz Montenegro, gerente sênior de Eventos do IBP.