Título: Ainda não acabou
Autor: Luna, Thais de
Fonte: Correio Braziliense, 31/10/2012, Mundo, p. 16

Para o presidente Barack Obama, a tempestade Sandy ainda é perigosa. Ao menos 40 morreram, sendo 18 em Nova York

“Atempestade ainda não acabou.” Com essas palavras, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, lembrou a população de que os riscos de desastres provocados pela passagem do furacão Sandy pela Costa Leste do país ainda são iminentes. O fenômeno perdeu força nas últimas horas e, agora, é considerado uma supertempestade extratropical. “Há riscos de inundações, queda de energia e ventos fortes. Escutem as autoridades locais e sigam suas instruções”, advertiu o chefe de Estado, em visita à sede do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, em Washington. No dia seguinte à chegada de Sandy aos EUA, o saldo da destruição foi grande. Pelo menos 40 pessoas morreram e 8,2 milhões de moradores em 18 estados e na capital estavam sem energia elétrica até o fechamento desta edição. O prejuízo aos cofres norte-americanos oscilaria de US$ 30 bilhões a US$ 50 bilhões.

O governo decretou que Nova York e Nova Jersey são regiões de “grande desastre”, o que possibilita o envio de ajuda financeira imediata para as localidades mais atingidas. Long Island e New Hampshire, Connecticut, Delaware, Maryland, Massachusetts, Carolina do Norte, Pensilvânia, Vermont, Virgínia e Washington continuam em estado de emergência. Obama assegurou que fará tudo o que for preciso para lidar com “um drama que deixou os Estados Unidos de coração partido”. O presidente salientou que os governadores e os prefeitos das localidades devastadas pela passagem da tempestade extratropical podem entrar em contato direto com ele, caso alguma entidade federal negue ajuda. “Telefonem para mim pessoalmente, na Casa Branca”, pediu.

A nação estava preparada para o pior desde o fim de semana, e o então furacão correspondeu à expectativa das autoridades. “Esperávamos uma tempestade de grandes proporções, e foi o que aconteceu. Foi devastadora, talvez a pior que já tenhamos visto”, assinalou ontem o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg. Ele informou que 18 pessoas morreram devido à passagem da supertempestade na megalópole. O governador do estado de Nova York, Andrew Cuomo, ficou surpreso com a destruição. “Não creio que palavras como catastrófico e histórico sejam muito fortes para explicar o impacto”, comentou. O governador de Nova Jersey, Chris Christie, por sua vez, classificou a devastação de “inimaginável”. Um dique se rompeu no condado de Bergen e levou a central nuclear de Oyster Creek, no condado de Ocean, a declarar estado de alerta (leia nesta página).

No boletim emitido pelo Centro Nacional de Furacões dos EUA às 17h de ontem, a tempestade estava na região sudoeste da Pensilvânia com ventos máximos de 72km/h. Ela se dirigia no sentido oeste a uma velocidade de 9,65km/h. Sandy também afetou o Canadá, onde uma pessoa morreu e mais de 130 residências ficaram sem eletricidade devido à queda de cabos de energia e de árvores. Em sua passagem pelo Caribe, quando ainda era furacão, causou 67 mortes.

Volta à rotina

Depois da passagem da tempestade, Nova York retomava seu funcionamento, embora quase 500 mil casas estivessem sem eletricidade e muitas áreas no sul de Manhattan continuassem debaixo d’água, com o metrô e os túneis inundados. A Bolsa de Valores reabrirá hoje, após dois dias sem funcionar. O serviço de ônibus deve ser completamente retomado também hoje. O médico brasiliense Thiago Jabuonski, que mora em Nova York, no condado de Bronx, foi ontem para o trabalho, em um hospital na mesma localidade. Embora a região onde mora tenha sido afetada pela tempestade, com falta de luz e de gás, além da queda de árvores, ele destacou que “quem seguiu as regras das autoridades e não bancou o herói” passou sem problemas pelo fenômeno natural. “Foram danos de grandes proporções. Nunca vi algo do tipo, mas foi tudo muito organizado.”

Em Massachusetts, um dos estados que emitiram alerta para que as pessoas ficassem em casa, a vida começou a voltar ao normal. Sabryna Pacheco, fisioterapeuta de 35 anos, disse ao Correio que a tempestade, felizmente, não atingiu a região em cheio. “Tivemos água e energia o tempo todo. Hoje (ontem), está até fazendo um solzinho”, comentou. A ex-moradora de Brasília relatou que ela e o marido, que fazem cursos em Boston, tiveram aulas ontem à tarde e que as pessoas já voltaram a sair de casa. No entanto, a passagem da tempestade a deixou tensa. “Acompanhávamos tudo pela janela. Nunca passei por algo parecido”, afirmou, lembrando que às 3h50 de ontem (5h50 em Brasília) já havia pessoas limpando as ruas.