Título: No menu, a aliança PT-PMDB
Autor: Colares, Juliana
Fonte: Correio Braziliense, 07/11/2012, Política, p. 3
Dilma oferece jantar para lideranças dos partidos com o intuito de reforçar a parceria política. No horizonte, estão a corrida pelo Planalto e as disputas estaduais
Chamado de “jantar de congraçamento” pelo ministro da Secretaria-Geral da República, Gilberto Carvalho, o encontro entre as cúpulas do PT e do PMDB, promovido na noite de ontem pela presidente Dilma Rousseff, no Palácio da Alvorada, correu com discrição. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não participou do jantar, mas se reuniu com Dilma à tarde, na residência oficial. Lula chegou à Alvorada às 15h20 e saiu às 18h40, sem falar com a imprensa. Um petista influente afirmou ao Correio, mais cedo, que a presença de Lula no jantar seria estranha. “É um encontro institucional. Ele não é presidente da República nem presidente de fato do PT. A presença poderia ser constrangedora para Dilma e Rui Falcão”, declarou.
A ideia do jantar foi reforçar a aliança entre as duas legendas e reafirmar os nomes dos peemedebistas Henrique Eduardo Alves (RN) e Renan Calheiros (AL) para as presidências da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, respectivamente. Assim, Dilma também fortalece a parceria para os próximos dois anos e prepara terreno para 2014. Mais cedo, Gilberto Carvalho afirmou que a reforma ministerial não estava na pauta. O ministro disse acreditar que a presidente não vai tocar no assunto até o fim do ano. Ela já desautorizou interlocutores a tratar do tema. Contudo, especula-se que Gabriel Chalita (PMDB) vá assumir o Ministério da Ciência e Tecnologia no lugar de Marco Antonio Raupp.
A lista de convidados tinha 22 nomes. O encontro estava marcado para começar às 20h, mas a votação do projeto de lei que trata da partilha dos royalties do petróleo na Câmara (leia mais na página 6) atrasou a chegada de alguns. O primeiro a marcar presença foi o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, às 19h55. Em seguida, passaram pelos portões do Palácio da Alvorada o vice-presidente Michel Temer e a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti.
Na entrada, nenhum dos convidados parou para falar com a imprensa. Mas foram confirmadas as presenças do ministro do Turismo, Gastão Vieira; do ministro da Previdência, Garibaldi Alves; do ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro; do ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco; e do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Também estiveram presentes Gilberto Carvalho, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP); o líder do governo no Congresso, José Pimentel (PT-CE); além dos líderes do PMDB e do PT na Câmara, Henrique Eduardo Alves e Jilmar Tatto, respectivamente, e do presidente do PMDB, Valdir Raupp. Por causa da votação dos royalties, o líder do governo e o presidente da Câmara, os petistas Arlindo Chinaglia (SP) e Marco Maia (RS), chegaram após as 21h.
Depois do jantar, Valdir Raupp confirmou que não se falou de reforma ministerial, mas os partidos fizeram um balanço das eleições. Também disse que está mantido o acerto para a eleição das presidências das duas Casas do Congresso: “Foi reafirmado o acordo sobre a Câmara e o Senado”.
Ânimos Além de agradar ao PMDB, Dilma quis acalmar os ânimos da ala petista contrária à entrega das presidências da Câmara e do Senado aos peemedebistas. Mais cedo, no Palácio do Planalto, o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), não se colocou nesse time, mas demonstrou ainda estar chateado com o apoio do ex-ministro peemedebista Geddel Vieira Lima ao futuro prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM). O democrata derrotou o petista Nelson Pelegrino nas urnas.
“Não sou eu quem manda no PMDB da Bahia, nem quero mandar, mas não acho natural um partido que participa de uma aliança nacional apoiar, na terceira maior capital do país, o partido que tinha como candidato o líder da oposição”.
Colaborou Paulo de Tarso Lyra
O presidente do PMDB, Valdir Raupp, deixa o jantar na residência oficial: reforma na Esplanada não foi discutida
Demanda nordestina
Passadas as eleições municipais, os governadores do Nordeste preparam a lista de pedidos ao governo federal. As principais necessidades de cada estado serão apresentadas à presidente Dilma Rousseff na próxima sexta-feira, às 15h, em Salvador, durante a reunião do Conselho Deliberativo da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Seca e investimentos em infraestrutura são os principais pontos da pauta. Antes disso, governadores de todo o país se reúnem com o Planalto para tratar da redução do ICMS. O encontro está marcado para hoje, às 11h, no Ministério da Fazenda, com a presença do ministro Guido Mantega.
“Todos vão pedir mais verbas para a seca. Dilma enfrenta uma crise lá fora, que impacta aqui dentro. Ela não tem todo o orçamento do mundo, mas é claro que a gente sempre vai demandar mais orçamento”, disse o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), que se adiantou à ida da presidente ao estado e marcou reunião para ontem. Levou um relatório de obras, discutido em detalhes com a chefe do Executivo. “Vim discutir uma série de obras em andamento e projetos. Ela (Dilma) deu encaminhamento à Miriam Belchior (ministra de Planejamento)”, afirmou. Na sexta, antes da reunião com os governadores do Nordeste, Dilma participa da inauguração da Adutora do Algodão, que levará água para 300 mil pessoas na Bahia.