Título: Lealdade da base à prova
Autor: Caitano, Adriana
Fonte: Correio Braziliense, 07/11/2012, Política, p. 6

Três projetos, de natureza mais econômica que política, transformaram-se no grande teste da relação da base com o Palácio do Planalto após a ressaca das eleições municipais. No primeiro deles — a votação da proposta que estipula novas regras de distribuição dos royalties do petróleo —, o Executivo federal perdeu a queda de braço na noite de ontem. Hoje, a medida provisória que cria a Empresa de Planejamento e Logística (EPL) chega ao plenário da Câmara trancando a pauta de votações e, até o fim do ano, o Congresso analisará as MPs que criam regras de concessão das empresas de energia elétrica e desoneram a conta de luz para consumidores residenciais e grandes empresas.

Todos os três, na visão da presidente, são importantes para dar segurança econômica ao país e emitir um sinal aos investidores que, em 2013, o Brasil terá condições de retomar o crescimento do PIB. Os futuros leilões de campos do pré-sal, por exemplo, estão suspensos enquanto as novas regras de distribuição dos royalties não forem definidas — o que inclui o eventual veto do Planalto ao texto aprovado ontem. No caso da criação da estatal que administrará as concessões de rodovias e ferrovias anunciadas pelo governo em agosto, a maior preocupação é quando a MP chegar ao Senado. No início do ano, os senadores derrotaram o governo ao impedir a recondução de Bernardo Figueiredo para a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Dilma nomeou Figueiredo como presidente da EPL e a base conseguiu derrubar uma emenda que obrigava que Figueiredo fosse sabatinado pelo Senado.

No caso das MPs do setor elétrico, o Planalto não quer perder o discurso de que contribuiu para a redução no valor das contas de energia elétrica para os consumidores residenciais, importante para assegurar mais renda para que as pessoas gastem e, assim, estimular o crescimento econômico.