O globo, n.31426, 22/08/2019. País, p. 07

 

PSDB rejeita pedidos de expulsão de Aécio

Naira Trindade 

22/08/2019

 

 

A Executiva Nacional do PSDB rejeitou ontem dois pedidos de expulsão do deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) da legenda, decisão que impõe uma derrota ao governador de São Paulo, João Do ria, defensor da saída do mineiro. Em reunião aportas fechadas, a cúpula do partido acompanhou o parecer do relator, deputado Celso Sabino (PSDB-PA), contra o afastamento, que considerou os requerimentos “ineptos”.

Dos 35 membros presentes na reunião, 30 votaram pelo arquivamento dos pedidos. Quatro foram contrários: o deputado federal Samuel Moreira (SP), o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, o secretário de Saúde da Prefeitura de São Paulo,

Edson Aparecido, e o tesoureiro do PSDB, César Contijo. O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio, se absteve.

A reunião durou cinco horas e teve momentos de tensão, gritaria e dedos em riste. Gontijo chegou a pedir vista, mas acabou derrotado.

ALA DESCONTENTE

Nas redes sociais, Doria lamentou a decisão e disse que o PSDB escolheu o lado errado. “O derrotado, nesse caso, não foi quem defendeu o afastamento de Aécio. Quem perdeu foi o Brasil”, declarou.

Já o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, afirma que houve equívoco:

— É um erro de avaliação política a permanência e o estrago que a imagem do Aécio causa ao partido.

O presidente do diretório paulista do PSD B, Marco Vinholi, negou em no taque a rejeição dos pedidos de afastamento de Aécio representa uma derrota de São Paulo, do governador João Doria ou do prefeito da capital, Bruno Covas. “É, isto sim, uma derrota do PSDB, que optou por ficar do lado errado da História”, afirma o texto.

O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, evitou encarara votação co mouma derrota a Doria. Na reunião, a Executiva decidiu que qualquer outro pedido de expulsão contra Aécio Neves será automaticamente arquivado.

— O assunto Aécio Neves em relação aos fatos apresentados está encerrado — afirmou Bruno Araújo.

Seguro de que sairia vitorioso, Aécio chegou à reunião sorridente. O deputado é investigado por inquéritos da Lava-Jato. Acusado de corrupção passiva e obstrução da Justiça, é réu em um processo. Ele nega as acusações.

— Não há aqui vitoriosos e vencidos. É uma decisão que respeita não apenas aquilo que prevê o estatuto, mas também a história daqueles que construíram o PSDB. Ninguém perde nesse episódio —disse Aécio.

Celso Sabino elaborou dois relatórios. O primeiro considerava apenas o requerimento do diretório municipal de São Paulo, mas, por decisão da cúpula, incluiu um pedido do diretório estadual.

Há um terceiro pedido, do diretório de São Bernardo, mas este ainda não chegou à Executiva Nacional. Tucanos tradicionais, Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Alckmin e Tasso Jereissati não participaram da reunião.