O Estado de São Paulo, n. 46084, 20/12/2019. Economia, p. B1
Preço por refinarias da Petrobrás deve ir a R$ 50 bi com interesse de estrangeiros
André Vieira
Mônica Scaramuzzo
Wagner Gomes
20/12/2019
Privatização. Entre os grupos que já apresentaram proposta, estão a chinesa Sinopec, o fundo de investimento Mubalada, de Abu Dabi, e a gestora americana EIG; estatal colocou à venda oito unidades, marcando a entrada de empresas privadas no setor de refino no País
Impulsionada pelo interesse de grupos estrangeiros, a privatização de oito refinarias da Petrobrás deverá movimentar mais de R$ 50 bilhões, segundo estimativas de analistas de mercado. Empresas petroleiras, grandes grupos internacionais e companhias brasileiras entram na reta final para a apresentação das propostas, processo que teve início em novembro. O resultado da venda das quatro primeiras unidades vai sair em março do próximo ano.
O mais recente movimento envolve grupos brasileiros associados a petroleiras internacionais. O grupo Ultra, dono da rede Ipiranga, negocia a formação de um acordo com a petroleira britânica BP para tentar arrematar pelo menos uma das oito refinarias colocadas à venda, segundo antecipou o Estadão/Broadcast.
O grupo Cosan, por meio da Raízen (joint venture com a Shell), fez oferta por quatro unidades de refino, apurou o Estado. O grupo está em conversas para atrair operador de refino de fora para seu consórcio. Também apresentaram proposta pelas refinarias a chinesa de energia Sinopec, o fundo de investimento Mubalada, de Abu Dabi, e a gestora americana EIG.
De acordo com relatório da XP, os valores devem variar entre R$ 6,2 bilhões e R$ 17,6 bilhões, o que pode render algo entre R$ 52 bilhões e R$ 57 bilhões para a estatal brasileira.
Monopólio. A venda das oito refinarias – metade do parque de refino da Petrobrás – faz parte do plano de desinvestimento da estatal para reduzir seu endividamento e se concentrar na exploração e produção de petróleo. Neste ano, a Petrobrás se desfez de importantes negócios – vendeu a Liquigás, de gás de cozinha, para o consórcio formado por Copagaz, Itaúsa e Gás Nacional, por R$ 3,7 bilhões; e o gasoduto TAG para a francesa Engie, por US$ 8,6 bilhões.
A operação também vai marcar a quebra do monopólio da empresa na área de refino. “Podemos esperar um impacto grande no setor de transporte e na estrutura de custo do País”, diz Shin Lai, estrategista e analista da Upside Investor.
Na venda dos ativos estão incluídos os sistemas logísticos, como terminais e dutos. Entre os investidores que acompanham a negociação, a Regap, em Betim (MG), e a Repar, em Araucária (PR), são as refinarias mais atraentes: mais modernas, estão próximas dos grandes mercados consumidores como São Paulo e Rio de Janeiro, onde a Petrobrás vai manter suas operações de refino.
Procuradas, Ultra, Cosan, Petrobrás, Mubadala não comentam o assunto. EIG e BP não retornaram os pedidos de entrevista. Nenhum porta-voz da Sinopec foi encontrado para comentar o tema.