Título: Wagner projeta Eduardo para 2018
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 08/11/2012, Política, p. 6

De olho nos movimentos de seu partido e dos aliados rumo ao futuro, o governador da Bahia, Jaques Wagner, se mostra disposto a sacudir o PT nas reuniões que prometem tomar conta do cenário político nos próximos meses. Anfitrião do fórum de governadores do Nordeste, amanhã, em Salvador, com a presença da presidente Dilma Rousseff, ele estende o tapete vermelho ao governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos. "A candidatura de Dilma à reeleição é natural, porque ela tem direito a concorrer a mais quatro anos. Mas, para 2018, o PT terá que refletir. Será que está na hora de desfazer a tese de que nunca abre mão da cabeça da chapa? Melhor abrir para alguém de casa do que pela urna", diz, referindo-se à hipótese de seu partido apoiar outro nome em 2018, no caso, Eduardo Campos.

Wagner levanta essa lebre dentro do partido de forma a levar o PT a refletir e buscar caminhos para que não repita o que ocorreu com o PSDB no plano nacional e o que acontece hoje em São Paulo. Primeiro partido com direito a concorrer à reeleição, o PSDB chegou ao fim do governo Fernando Henrique Cardoso desgastado. Para completar, em São Paulo, apesar da preferência do eleitorado, a falta de "novidade", de ceder espaço a algum aliado, terminou por tirar o partido de Fernando Henrique da prefeitura paulistana — o governo de São Paulo também não está garantido para o futuro. Diante desse histórico, a intenção do governador da Bahia — um dos principais interlocutores do ex-presidente Lula e da presidente Dilma — ao lançar a tese de apoio ao PSB é evitar que o PT viva a experiência dos tucanos. "O PSDB jamais admitiu ceder a cabeça de chapa. Perdeu as três últimas eleições para nós", reforça.

Na avaliação de Wagner, o período de PT versus PSDB está se esgotando. "Outros players surgiram. Eduardo é um deles. O PMDB não construiu um nome, mas é um player importante. É fato que ninguém quer ser o segundo da fila, mas o PT terá que refletir sobre isso, tem que construir", diz. Wagner considera que, se em São Paulo o PSDB tivesse tido a coragem de lançar outro candidato que não José Serra, "talvez Haddad não estivesse eleito hoje".

O governador baiano considera que Eduardo Campos não será candidato contra Dilma em 2014, porque PSB e PT têm vários governos em comum pelo país afora. Os petistas estão no governo de Campos, em Pernambuco, e de Cid Gomes (PSB), no Ceará. Os socialistas têm lugar no governo da Bahia. "A sucessão municipal não quebrou a aliança e é bom ter um aliado que queira crescer. Ter um aliado que não quer crescer é ruim", diz Wagner, mirando-se no exemplo de Geddel Vieira Lima (PMDB). "O deputado Geddel era meu aliado, quis crescer, cresceu e quis me apunhalar", diz ele, lembrando que o PMDB de Geddel saiu de 20 prefeituras para 115. Agora, entretanto, os peemedebistas têm 40 prefeituras na Bahia.

Na visão de Wagner, se a aposta de Geddel deu errado, talvez a de Eduardo Campos tenha o mesmo destino, na hipótese de o governador pernambucano decidir seguir sozinho. Ou pior, sob a ótica petista: unir-se à oposição, como fez Geddel na capital baiana. "O Aécio Neves não será vice. É a vez dele no PSDB. E Eduardo sair do nosso lado para ser vice do PSDB soaria estranho." (DR e PTL)

"A candidatura de Dilma à reeleição é natural, porque ela tem direito a concorrer a mais quatro anos. Mas, para 2018, o PT terá que refletir. Será que está na hora de desfazer a tese de que nunca abre mão da cabeça da chapa?" Jaques Wagner (PT), governador da Bahia