O Estado de São Paulo, n. 46077, 13/12/2019. Economia, p. B4

 

País caminha para upgrade em sua nota, diz Guedes

Lorenna Rodrigues

13/12/2019

 

 

Para ministro, agência de risco percebeu que a economia do País está melhorando

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse ontem que o Brasil está “a caminho” de um “upgrade” na nota de crédito dada por agências de rating e que isso pode ocorrer em um prazo menor do que dois anos.

Na última quarta-feira, a S&P Global Ratings alterou a perspectiva para o rating brasileiro de “estável” para “positiva”, o que indica possibilidade de melhora nos próximos dois anos.

“A S&P está percebendo a efetividade das reformas que estamos implementando. A expectativa é que estamos a caminho do upgrade, isso geralmente leva dois anos, mas eu acho até que vamos conseguir antecipar”, afirmou, ao deixar um almoço com a Frente Parlamentar da Indústria de Máquinas e Equipamentos.

A mudança de rating deixa o Brasil mais próximo de subir na classificação concedida pela agência nos próximos meses. A economia brasileira ainda está dois graus distantes do grau de investimento, sob a classificação da S&P. A marca, perdida em 2015, é uma espécie de “selo de bom pagador” que assegura a capacidade do país de honrar seus compromissos financeiros.

Guedes frisou que a melhoria na perspectiva mostra que a economia brasileira está melhorando. Ele listou a aprovação de reformas e a redução do rombo fiscal e da taxa básica de juros. “O Brasil está reacelerando, os investimentos estão sendo retomados. Se mantivermos ritmo de reformas, Brasil vai retomar crescimento acelerado muito rapidamente”, completou.

Mais cuidado. O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, lembrou que há uma tendência de que as demais agências de classificação de risco olharem a economia brasileira com “mais cuidado" após a S&P ter melhorado a perspectiva da nota brasileira. “As agências vão ver o que a S&P fez e revisar a nota”, afirmou à GloboNews.

“Quando uma agência melhora, todas as outras olharão os dados com mais cuidado. Acho que outras agências vão ter que claramente olhar para esse cenário mais positivo”, disse, destacando as cerca de 30 empresas que também tiveram melhora no rating, entre elas a Petrobrás.

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Entrevista - Alexandre Schwartsman: 'Sinais sugerem tragetória de crescimento'

Douglas Gavras

13/12/2019

 

 

Alexandre Schwartsman , ex-diretor do Banco Central

‘Sinais sugerem trajetória de crescimento’

Para o ex-diretor do Banco Central, Alexandre Schwartsman, os dados mais recentes de serviços, pelo peso que têm na economia, ajudam a confirmar a perspectiva de que o ano que vem será de um crescimento maior do que este ano. Ele também diz acreditar que o Banco Central ainda tem espaço para novos cortes dos juros básico, hoje em 4,5% ao ano. A seguir, trechos da entrevista.

O ano de 2019 começou com muito otimismo, depois houve uma correção de expectativas para baixo. Podemos mesmo esperar um 2020 melhor?

Este ano não tem muito o que mudar, dentro do universo de resultados prováveis para o Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre. Mas o crescimento de 0,8% do volume de serviços prestados em outubro, segundo o IBGE, sugere que a economia está em uma trajetória de crescimento para o ano que vem. Eu espero até 2,5% de crescimento.

Os juros básicos agora foram para 4,5% Ainda há espaço para novos cortes?

Sim. Não acho que estejamos no fim da trajetória de cortes de juros. Se a gente olha as projeções, se fala em 3,5% de inflação para 2020, 3,4% para 2021. Em ambos os casos, abaixo da meta (de 4% e 3,75%, respectivamente). Ainda tem algum espaço para redução dos juros e não é pouca coisa. Um pedaço desse reflexo de inflação vem do câmbio, que deve ficar na casa dos R$ 4,20 ano que vem. Os preços da carne bovina estão fazendo a inflação subir. Em novembro isso já aconteceu e agora, em dezembro, deve se repetir. Mas a hipótese mais forte é que isso seja um fenômeno temporário e que os preços continuem comportados em 2020.

Os juros mais baixos serão suficientes para que o consumo das famílias continue crescendo?

A gente nunca sabe se tudo é uma questão de melhorar o crédito para animar o consumo das famílias. A liberação dos recursos do FGTS ajuda, a massa salarial também ajuda. Mas muito do que eu vejo como aceleração de venda é uma reação ao juro mais baixo.