Título: Temer propõe estímulo ao debate
Autor: Cristino, Vânia
Fonte: Correio Braziliense, 08/11/2012, Economia, p. 12

Antes mesmo de propor algo, o governo federal deixa claro: as medidas socioeconômicas adotadas nos últimos 10 anos promoveram transformações no mercado de trabalho e no modelo de desenvolvimento do país. Mas, apesar dos avanços, o Executivo admite que chegou a hora de superar obstáculos nas legislações trabalhistas, sindicais e tributárias que são parte dos entraves para um crescimento mais robusto da economia. Os governantes alertam, entretanto, que esse processo deve ser conduzido por meio de alterações pontuais nas leis vigentes, em vez de reformas que demandem uma concentração de esforços no Congresso.

O vice-presidente da República, Michel Temer, afirmou, durante o seminário promovido pelo Correio para discutir as novas relações do trabalho, que o governo deve funcionar como o mediador para as mudanças na legislação trabalhista em discussão no Congresso. “Esse é o nosso papel: ouvir especialistas, como os presentes aqui neste evento, e estimular o debate”, completou.

Temer traçou um paralelo entre as reformas tributária e trabalhista, afirmando ser praticamente impossível promover mudanças gerais. “O governo tem desenvolvido algumas medidas pontuais, como a desoneração da folha salarial de alguns setores”, lembrou.

O vice não não acredita que o fato de o governo federal contar com uma base sindical forte, inclusive ocupando cargos na máquina pública federal, seja um empecilho para a promoção das reformas trabalhista e sindical. “Mesmo que não fosse assim, ouviríamos os diversos setores da sociedade para consolidar um entendimento”, pontuou.

Reduzir custos Na avaliação do ministro do Trabalho e Emprego (MTE), Brizola Neto, as reformas necessárias nas legislações trabalhista e fiscal não podem reduzir custos para os empresários e sacrificar garantias dos trabalhadores brasileiros. Para Neto, as reformas devem estar atreladas a melhorias da infraestrutura para aperfeiçoar os procedimentos de logística das empresas, a geração de emprego e ao aumento de produtividade.

Segundo o ministro, esses gargalos são obstáculos que serão atacados pelo governo nos próximos anos e tornaram-se prioritários para manter a solidez da economia brasileira em um momento de crise internacional. “Somente dessa forma os custos serão diminuídos. Não somos mais o país da especulação e as expectativas de crescimento para os próximos anos estão acima das economias desenvolvidas e nos mesmos horizontes dos Brics”, analisou.