Título: Defesa do desconto
Autor: Hessel, Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 08/11/2012, Economia, p. 18

Quilo da carne ficou, em média, 2,04% mais caro no mês passado, pesando no orçamento das famílias

O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), está se empenhando para substituir José Sarney (PMDB-AP) na presidência da Casa, apesar da resistência dentro do próprio partido e da oposição, que já começa a se articular contra a sua indicação. Para ter o aval do Palácio do Planalto, pegou um abacaxi do tamanho de uma jaca: a relatoria da Medida Provisória 579 que muda as regras para as concessões do setor de energia. Na terça-feira, Renan e a presidente Dilma Rousseff jantaram no Palácio da Alvorada com as bancadas do PMDB e PT.

Em discurso afinado com o governo, Renan sinalizou que não atenderá as reclamações das concessionárias quanto às condições impostas pelo governo. As críticas, por sinal, são reforçadas pelos investidores, que apostaram firme nessas empresas e, agora, perdem dinheiro com a queda das ações.

A MP permitirá que as usinas já amortizadas e cujos contratos vencem a partir de 2015 tenham suas tarifas reduzidas. Os novos contratos permitirão uma economia na conta do consumidor de, em média, 20% já no ano que vem. Essa redução é defendida pela presidente Dilma, que foi ministra de Minas e Energia durante o governo Lula. A estratégia da chefe do Executivo é reduzir os custos de produção para a indústria brasileira ganhar competitividade no mercado externo.

Além disso, o barateamento da conta de luz será fundamental para que o governo continue mantendo a inflação — que vinha dando sinais de descontrole — dentro da meta no próximo ano.

“A medida provisória é uma oportunidade para garantir a competitividade para a indústria nacional, reduzir o preço da energia para o consumidor. Essa é a resposta que o Congresso vai dar. Tem que se colocar acima de qualquer coisa o interesse nacional. E é isso que, ao fim , o Congresso vai fazer”, disse Calheiros ao deixar ontem do prédio do Ministério da Fazenda pouco antes do início da reunião do ministro Guido Mantega com governadores das 27 unidades da Federação.

O senador desconversou ao ser questionado se haverá mudanças nos valores propostos para a indenização às companhias, de R$ 20 bilhões, ou no ponto que trata da revisão das tarifas. “Estamos conversando. Estabelecemos um calendário com audiências públicas. O importante, agora, é confrontar pontos de vista e ver o que podemos fazer no sentido de aprimorar a medida provisória para o bem do país”, afirmou. Em relação às críticas ao descumprimento dos contratos, ele disse que o tema será discutido pelo Congresso.