Título: Horizonte sombrio
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Fonte: Correio Braziliense, 08/11/2012, Economia, p. 23

Relatório oficial afirma que a Zona do Euro só terá recuperação em 2014. PIB do bloco cairá 0,4% este ano e ficará estagnado em 2013

Bruxelas — Em um relatório pessimista sobre a economia da região, a Comissão Europeia (CE), previu ontem que o Produto Interno Bruto (PIB) dos 17 países da Zona do Euro terá uma contração de 0,4% neste ano. Em 2013, o crescimento ficará em ponto morto, com expansão de apenas 0,1%. “A Europa está atravessando um processo difícil de reequilíbrio macroeconômico, que durará algum tempo”, afirmou Olli Rehn, vice-presidente da CE e titular de Assuntos Econômicos e Monetários.

Em maio, a comissão, braço executivo da União Europeia, havia estimado que a economia do bloco teria uma queda de 0,3% em 2012, mas se recuperaria em 2013, com expansão de 1%. As novas projeções aniquilam as recentes manifestações de otimismo dos dirigentes europeus e consideram que uma retomada — modesta — virá apenas em 2014, quando as reformas estruturais começarão a dar frutos e o PIB da união monetária poderá subir 1,4%.

As perspectivas são especialmente ruins para França, Espanha e Itália, três das quatro principais economias da Zona do Euro. A Alemanha, motor do bloco, ficou fora da lista negra, com uma previsão de crescimento de 0,8% em 2012 e 2013 — taxa bem menor que o 1,2% projetado há seis meses, o que levou a chanceler alemã, Angela Merkel, a fazer um alerta sobre os desequilíbrios crescentes entre os países da região. “Devemos corrigir os erros básicos” da construção europeia e “cumprir com as regras”, disse ela, em Bruxelas. “Precisamos evitar uma Europa a duas velocidades”, afirmou, antes de partir para Londres.

A economia da França crescerá apenas 0,4% em 2013, segundo as projeções da CE, bem mais pessimistas que as do governo francês, que aposta em alta de 0,8%. Além disso, o deficit público continuará acima da meta de 3% do PIB tanto em 2013 quanto em 2014, alcançando 3,5% nos dois casos.

As previsões são especialmente sombrias para a Espanha. Depois de recuar 1,4% neste ano, o PIB do país terá uma queda da mesma magnitude em 2013, contra 0,5% estimado pelo governo conservador. Com isso, a taxa de desemprego alcançará o recorde de 26,6% no próximo ano, puxando a média do bloco para 11,8%. O governo de Mariano Rajoy tampouco cumprirá as metas de deficit em 2013, e em 2014 alcançará um rombo fiscal de 6,4%, mais do dobro dos objetivos acertados com Bruxelas. Na Itália, a economia terá queda de 2,3% neste ano e de 0,5% em 2013.