Correio braziliense, n. 20525, 01/08/2019. Economia, p. 11

 

Desemprego recua para 12%

Vera Batista

01/08/2019

 

 

Trabalho » Apesar da queda, existem 12,8 milhões de pessoas desocupadas no país, de acordo com a Pnad Contínua. Trabalho por conta própria bate recorde e desalento fica estável no trimestre encerrado em junho. Melhora pode não se manter sem as reformas

A taxa de desemprego recuou de 12,7% para 12% no trimestre encerrado em junho, mas ainda atinge 12,8 milhões de pessoas, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua). Entre abril e junho, houve uma redução de 621 mil pessoas à procura de trabalho. O número de trabalhadores por conta própria, entretanto, bateu novo recorde da série histórica, com 24,1 milhões de pessoas.

De acordo com o levantamento, a população subocupada, ou seja, que trabalha menos horas do que gostaria, é a maior desde 2012. Atingiu 7,4 milhões no trimestre encerrado em junho, um recorde da série histórica. Em relação aos três meses anteriores, houve uma alta de 8,7% (587 mil pessoas), e de 13,8%, no confronto com o mesmo período de 2018. A quantidade de desalentados — pessoas que nem procuram emprego por acharem que não vão conseguir — ficou estável em 4,9 milhões.

Os dados da Pnad Contínua mostram que a quantidade de empregados no setor privado com carteira assinada (fora os trabalhadores domésticos) subiu para 33,2 milhões de pessoas. A melhora, mesmo que leve no mercado, atingiu o vendedor Diego Dantas, 24 anos, que depois de um ano parado, conseguiu emprego há 25 dias. Na última ocupação, recebia R$ 1,5 mil mensais. “Agora ganho mais, cerca de R$ 2 mil por mês, por causa das comissões. Mas a vida não está fácil para ninguém”, disse.

Segundo o diretor adjunto de Pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, foi significativa a variação na formalidade. “O número de empregados com carteira assinada nunca cresceu tanto desde o trimestre terminado em junho de 2014”. Por outro lado, os resultados positivos, segundo ele, representam “soluços de crescimento”. “Ainda há muita informalidade e um deficit expressivo de postos de trabalho com carteira assinada”, explica.

Na informalidade, destaca Azeredo, os ganhos mensais são menores. Por isso, o rendimento médio real habitual (R$ 2.290) do trabalhador caiu 1,3% em relação a março e se manteve estável no confronto com 2018.

Para o economista Pedro Galdi, da Mirae Asset Corretora, o resultado reflete o aumento da confiança dos investidores, que poderá não se manter se as reformas estruturais não avançarem. “O desemprego é fruto de anos de crise e não recua de uma hora para outra. A confiança aumentou, mas todo o mercado está em compasso de espera”, afirmou.