Valor econômico, v.20, n.4750, 15/05/2019. Política, p. A7

 

Sou a favor da reforma, mas com equilíbrio, diz FHC

Carolina Freitas 

15/05/2019

 

 

O ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), disse ontem ter "levado pau" ao afirmar em redes sociais que a reforma da Previdência precisa olhar aspectos sociais, além da economia. "Sou favorável à reforma da Previdência. Eu tentei quando era presidente. Acho que tem que ter uma idade mínima", afirmou ontem em evento com representantes da Força Sindical. O grupo de 20 pessoas foi recebido pelo tucano depois de um pedido do presidente da central, Miguel Torres.

No domingo, Fernando Henrique mencionou no Twitter fala do economista Eduardo Moreira, sobre a importância de se conciliar na reforma questões fiscais e um caráter redistributivo. "Eu levei pau para burro dos economistas. Como se eu fosse contra a reforma. Eu sou a favor. Eu só acho que tem que ter equilíbrio."

Fernando Henrique classificou o momento atual como de "paixão". "Vivemos um momento em que a razão, o bom senso, equilíbrio são coisas negativas", disse. "Isso dá guerra, não funciona. O mais desejável é um equilíbrio. É contra a maré ter razoabilidade."

A reunião de Fernando Henrique com os sindicalistas seria fechada à imprensa, mas a Força Sindical avisou jornalistas na véspera. Diante disso, a Fundação FHC decidiu abrir o encontro aos jornalistas que estavam no local.

O ex-presidente fez um discurso de união e classificou a situação do Brasil sob o governo de Jair Bolsonaro como de "insegurança", "desarticulação política" e "aflição".

"O governo está com raiva. Com raiva, não se constrói. Ele [Bolsonaro] comete erros, cria muitos adversários. Não há interesse do governo em diálogo."

Ao responder a pergunta de um dos participantes da reunião sobre a situação de desemprego nas metrópoles e no interior do Brasil, Fernando Henrique comentou: "Não vale a pena comparar. Só chorar."

Fernando Henrique recomendou que os representantes da Força procurassem, além de lideranças políticas, universidades e militares para pensar em soluções para o país.

Questionado por um dos sindicalistas sobre a possibilidade de impeachment de Bolsonaro, FHC ponderou que o procedimento, quando feito, é "traumático" para o país. "Eu, a princípio, não sou favorável", disse o ex-presidente. "O custo é alto. Mas, às vezes, é inevitável."