O Estado de São Paulo, n. 46118, 23/01/2020. Política, p. A10

 

Aprovação a governo sobe, diz pesquisa

Daniel Weterman

23/01/2020

 

 

Resultados econômicos positivos fizeram índice passar de 29,4%, em agosto, para 34,5% em janeiro, segundo avaliação do Instituto MDA

Após perder apoio ao longo do primeiro ano de governo, o presidente Jair Bolsonaro recuperou parte da avaliação positiva que possuía entre a população no começo da gestão. Segundo pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) com o Instituto MDA, divulgada ontem, a quantidade de pessoas que considera o governo como ótimo ou bom subiu de 29,4% para 34,5% entre agosto do ano passado e janeiro deste ano. O índice mais alto havia sido registrado em fevereiro de 2019, logo no início do mandato, de 38,9%.

O motivo da melhora, de acordo com a pesquisa, são os resultados na área econômica, como a aprovação da reforma da Previdência, a inflação baixa, a liberação de saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), além do pagamento de uma décima terceira parcela do Bolsa Família.

O índice de ruim e péssimo passou de 39,5% em agosto para 31% no último mês da pesquisa.

Para 22,1% das pessoas consultadas, a economia é o setor com melhor desempenho no governo de Bolsonaro. Na pesquisa anterior do instituto, divulgada em agosto, apenas 10% dos entrevistados apontavam a área como a mais bem avaliada.

A aprovação do desempenho pessoal de Bolsonaro também melhorou. Foi de 41% para 47,8% em cinco meses, empatando tecnicamente com a desaprovação (47%). A taxa daqueles que desaprovam o presidente era de 53,7% em agosto, segundo a MDA. Nessa pergunta, o instituto questiona os entrevistados se aprovam ou desaprovam o desempenho pessoal do presidente da República à frente da administração. No acúmulo de 11 meses de governo, a aprovação caiu 9,7 pontos.

Quando os entrevistados foram perguntados sobre a expectativa para os próximos seis meses, 43,2% responderam que acreditam que o emprego vai melhorar, contra 18,9% que projetam uma piora. Renda mensal, saúde, educação e segurança pública foram outras áreas que registraram otimismo, de acordo com o levantamento.

Áreas. Além da economia, os entrevistados também avaliaram positivamente o desempenho do governo no combate à corrupção e na segurança pública. As duas áreas são comandados pelo ministro Sérgio Moro, o mais popular do governo.

Durante o seu primeiro ano, Moro apresentou o seu pacote anticrime, que teve uma versão desidratada aprovada pelo Congresso e foi sancionado por Bolsonaro. A inclusão de medidas criticadas pelo ministro, como a criação do juiz de garantias, foi vista como uma derrota para o ministro.

O levantamento também questionou os entrevistados sobre as próximas eleições presidenciais. Faltando mais de dois anos e meio para a disputa, Bolsonaro aparece com 29,1% das intenções de voto nas respostas espontâneas – quando os nomes dos candidatos não são apresentados. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 17%. Condenado por corrupção e lavagem de dinheiro em duas instâncias, o petista é considerado ficha-suja e não pode ser candidato. Ciro Gomes (PDT), por sua vez, registrou 3,5%. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, apareceu com 2,4%. Fernando Haddad (PT) teve 2,3%.

A pesquisa foi realizada com 2.002 entrevistados de 137 municípios de 25 Unidades da Federação entre 15 a 18 de janeiro. A margem de erro é de 2,2 pontos porcentuais.

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Bolsonaro afirma que evitará imprensa

Julia Lindner

23/01/2020

 

 

O presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem que vai evitar falar com a imprensa após levantamento da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) indicar que ele foi responsável por 58% dos ataques à categoria no ano passado. Segundo a entidade, dos 208 ataques a jornalistas e veículos em 2019, 121 partiram de Bolsonaro. “Eu quero falar com vocês, mas a ‘associação nacional de jornalistas’ diz que, quando falo, eu agrido vocês. Como sou uma pessoa da paz, não vou dar entrevista”, disse Bolsonaro. No fim de semana, ele havia ironizado o levantamento da Fenaj em sua conta no Twitter.