Valor econômico, v.20, n.4755, 22/05/2019. Política, p. A6

 

Líder do PSL no Senado, Major Olímpio reclama de 'pseudoaliados' do governo

Fábio Pupo

22/05/2019

 

 

O senador Major Olímpio (PSL-SP), líder de seu partido na Casa, afirmou que "pseudoaliados" dão "uma punhalada nas costas por dia" no presidente Jair Bolsonaro. Segundo ele, vários parlamentares interessados no passado em tirar fotos com gestos de "arminha" ao lado do atual chefe do Executivo agora agem contra os interesses do governo.

"Minha indignação é que Bolsonaro tomou uma facada na barriga que quase o matou e agora toma uma punhalada por dia de pseudoaliados, ou aliados de ocasião. E aí me deixa indignado mesmo", disse ao sair de reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Perguntado sobre quem seriam os pseudoaliados, ele respondeu que são "muitos, de vários partidos" e acabou direcionando sua crítica ao DEM. "Por exemplo, a MP 870 [da reforma administrativa] na Comissão Mista. Me doeu os parlamentares do Democratas encabeçarem a votação contra e tirarem o Coaf [do Ministério da Justiça]. E a coordenação política é do Democratas", disse.

Para ele, não há temores de aumentar as tensões com os partidos porque já não há uma relação boa. "Ninguém está enquadrando partido, é a minha visão. Alguém vai dizer 'isso vai recrudescer a relação'. Que relação boa nós temos? Eu vou verbalizar mesmo. Sou líder do PSL no Senado. Não sou líder do governo e não estou falando pelo presidente. Não quero recrudescer relações, mas tudo tem seu limite. E acho que a população brasileira precisa tomar conhecimento do que está acontecendo", disse.

Ele ressaltou que a crítica não é direcionada à oposição. Ao citar PT, Rede e Psol, disse que as siglas têm feito um trabalho "efetivo, eficiente, contumaz e respeitoso". "Eu não estou fazendo crítica à oposição. Exatamente porque eu a respeito e ela tem sido respeitosa até com o governo. Muito mais que os pseudoaliados", disse.

Sem ser questionado sobre o tema, o senador criticou a criação de um texto alternativo da reforma da Previdência - citada pelo presidente da Comissão Especial da reforma na Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PR-AM). "Vi o presidente da comissão verbalizar na semana passada que agora quem teria o protagonismo [seria o Congresso], com um substitutivo do Legislativo. Eu pensei 'que bom, será que temos soluções melhores que possam gerar menos impactos negativos a qualquer categoria profissional, faixa etária, qualquer tipo de trabalhador? Se tiver, será muito bem-vindo'. Mas depois vimos que era só fumaça para ganhar dois minutos de mídia", disse.

O clima pode fazer com que a principal prioridade do governo, a reforma da Previdência, deixe de ser aprovada - conforme admitiu o senador. "Pode [não haver reforma da Previdência], é só não ter 308 votos na Câmara e 49 no Senado. Em qualquer projeto ali você tem uma margem de risco", afirmou. "Mas é por isso que a população precisa acompanhar. O intuito é minimizar a tragédia do povo brasileiro ou simplesmente [fazer] uma luta político-partidária? Espero sinceramente que haja razão e bom-senso para tirarmos o país desse buraco negro", disse.

De qualquer forma, Olímpio disse ter "esperança" no avanço do texto. "Vejo muita esperança de ver esse projeto votado logo na Câmara. Depois temos a segunda parte do debate, no Senado", afirmou.