Título: Palmas teve voto mais caro do país
Autor: Kleber, Leandro
Fonte: Correio Braziliense, 10/11/2012, Política, p. 8
Dados do TSE mostram que, quanto menor a capital, mais se gasta para conquistar cada eleitor. A exceção foi Belo Horizonte
Os nove candidatos eleitos ainda no primeiro turno nas capitais gastaram voz, sola de sapato e muitos apertos de mão. Gastaram, também, muito dinheiro. De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), já é possível calcular quanto custou o voto de cada eleitor. O futuro prefeito de Palmas, o colombiano naturalizado brasileiro Carlos Amastha (PP), por exemplo, dono de um dos maiores patrimônios entre todos os candidatos, de acordo com declaração entregue à Justiça Eleitoral, recebeu R$ 4 milhões em doações. Desse dinheiro, R$ 3,1 milhões saíram do próprio bolso do candidato. Como ele recebeu 59 mil votos, o custo por eleitor chegou a R$ 67,11, o mais alto entre os vencedores do primeiro turno nas capitais.
O colombiano precisou investir na campanha. Nas primeiras pesquisas de intenção de voto, feitas entre 2011 e o primeiro semestre deste ano, o colombiano largou com apenas 1% da preferência dos eleitores da capital do Tocantins. No fim de agosto, porém, conseguiu reverter a situação e se tornou o favorito na corrida pela prefeitura.
Os números do TSE confirmam que, quanto menor o eleitorado da cidade, maior o custo por voto. Boa Vista, que, junto com Palmas, são as únicas capitais do Brasil com menos de 200 mil eleitores e, portanto, não tem decisão em segundo turno, também registra um elevado custo por eleitor. A candidata eleita Teresa Surita (PMDB) gastou R$ 2 milhões na campanha e conquistou 57 mil votos, o que dá uma despesa média de R$ 34,34 por eleitor.
Os dados do TSE revelam também que, em algumas localidades onde a disputa caminhava para decisão ainda no primeiro turno, os eleitos tiveram gastos menores por voto conquistado. O candidato que registrou o menor custo por eleitor foi Eduardo Paes (PMDB), reeleito prefeito do Rio de Janeiro com mais de 2 milhões de votos. Sempre favorito nas pesquisas de intenção, o atual prefeito da capital fluminense arrecadou muito mais que seus adversários (R$ 21,2 milhões) para vencer a disputa ainda no primeiro turno. A maioria das doações foi feita de maneira oculta, ou seja, via comitê financeiro municipal da legenda. O custo por eleitor ficou em apenas R$ 10,11.
Mas essa relação entre o tamanho das cidades e o custo por voto tem exceções. Na capital mineira, onde o eleitorado chega a quase R$ 1,9 milhão de pessoas, o candidato à reeleição Marcio Lacerda (PSB) registrou o terceiro maior gasto por eleitor. Apoiado pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), ele desembolsou R$ 31,85 por voto recebido. Dos R$ 21,5 milhões arrecadados na campanha, R$ 4 milhões foram doados pelo próprio Lacerda. O seu principal adversário dele, Patrus Ananias (PT), arrecadou R$ 17,4 milhões.
Por lei, os candidatos podem utilizar recursos próprios nos pleitos desde que respeitem o limite máximo estabelecido pelo partido. Em Belo Horizonte, o PSB estimou despesas de, no máximo, R$ 35 milhões para a campanha. Em Porto Alegre, onde a disputa também foi encerrada no primeiro turno com folga, o prefeito reeleito José Fortunatti (PDT) desembolsou R$ 6,2 milhões e conquistou quase 518 mil votos, o que dá um custo por eleitor de R$ 12,06.
Luzes da ribalta
O deputado federal Tiririca (PR-SP) roubou a cena na premiação do Congresso em Foco, na noite de quinta-feira. O parlamentar — que até hoje não discursou no plenário da Câmara — soltou a voz, acompanhado pela banda brasiliense Móveis Coloniais de Acaju. Começou com Deixa a vida me levar, de Zeca Pagodinho. Em seguida, agradeceu a Deus e à... Florentina, seu maior sucesso musical. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) se empolgou e subiu ao palco para um dueto. Mas, enquanto cantava Blowin" in the wind, de Bob Dylan, o humorista — que não fala inglês — imitava uma dublagem. Tiririca foi considerado pelos leitores do site Congresso em Foco o sexto melhor deputado de 2012. Ele nunca faltou a uma sessão deliberativa desde o início do mandato. (Juliana Colares)