Título: Brasília concentra a elite
Autor: Ribas, Sílvio
Fonte: Correio Braziliense, 14/11/2012, Economia, p. 10

A gestão pública do Distrito Federal tem o funcionalismo mais estável e escolarizado do país se comparada às de 5.564 municípios das demais unidades da Federação. Dos 102,6 mil servidores da administração direta no ano passado, 86,94 mil são contratados pelo regime estatutário, 1,47 mil pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), 4,17 mil comissionados e 1,28 mil estagiários. Outros 8,72 mil não têm vínculo permanente. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o GDF tem o mais elevado percentual de funcionários com nível superior e com pós-graduação: 55,4%.

A estabilidade é o grande atrativo. O advogado Etio Meira dos Santos Junior, 26 anos, conta que, assim que passou no teste da Ordem dos Advogados do Distrito Federal (OAB-DF), começou a buscar emprego na iniciativa privada. Mas foi no setor público que teve uma chance. Em 2008, passou em um concurso de nível médio da Secretaria de Saúde. A convocação para assumir o cargo só veio em 2011, mas o advogado não parou de estudar e concorrer, até ser aprovado no cargo de assistente do Departamento de Trânsito do DF (Detran), função que ocupa hoje. “Aproveitei a maratona de estudos para tentar o nível superior, uma carreira melhor”, conta Etio.

Satisfeito com as condições de trabalho, ele revela que o órgão fornece incentivos para os profissionais que desejam se qualificar, pois, após o estágio probatório, qualquer funcionário concursado pode pedir auxílio para fazer pós-graduação e cursos de qualificação. O servidor da Fundação de Apoio a Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF) José Ailton Ferreira, 32, também aplaude os incentivos do governo para crescer na carreira. “O funcionário precisa de motivação e isso o governo tem feito, inclusive firmando convênios com universidades”, afirma.

Apesar de os concursados serem maioria no GDF, ainda há muitos servidores que trabalham como comissionados. É o caso de Vânia Lúcia Magalhães Mendes, há um ano na área de gerência da inovação e capacitação da FAP. Ela já foi concursada, mas teve que mudar de cidade e não teve sucesso em outros concursos quando voltou. Não pensou duas vezes e aceitou ingressar em um cargo na administração regional de Planaltina, onde ficou quatro anos. “Estou satisfeita, mas ainda quero prestar concursos, até para melhorar a remuneração e ter estabilidade”, frisa.

» DF sairá da pesquisa

Realizada desde 1999, a pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), traça um retrato completo da gestão pública das cidades do país. Por não ter prefeituras, o Distrito Federal vinha integrando a base de dados do levantamento com a máquina do governo local. Essa apuração vinha gerando comparações distorcidas entre o funcionalismo distrital e os serviços públicos da capital com os de municípios das demais unidades da Federação. “Reconhecemos essa distorção, que acabará no próximo ano, quando excluiremos o DF do Munic. Seus dados passarão a ser considerados em novo levantamento, o Estadic, voltado para as administrações estaduais”, explica Vânia Pacheco, pesquisadora do IBGE.