Título: Arrocho fiscal marca transição na UnB
Autor: Paranhos, Thaís
Fonte: Correio Braziliense, 14/11/2012, Cidades, p. 25

Ivan Camargo terá pela frente um deficit de R$ 70 milhões para administrar a partir de 2013. Os principais nomes do primeiro escalão da universidade já estão definidos

O novo reitor da Universidade de Brasília (UnB) assumirá o cargo neste mês cercado de desafios. O deficit da instituição para 2012, por exemplo, deve se confirmar em aproximadamente R$ 70 milhões. Por causa disso, o escolhido pela comunidade acadêmica para comandar a UnB, o professor da Faculdade de Tecnologia (FT) Ivan Camargo, sinalizou que uma das primeiras medidas a tomar ao assumir a função será o corte de gastos no próximo ano. A cinco dias da posse, o docente aguarda a aprovação da presidente Dilma Rousseff para dar início aos trabalhos. Mesmo sem a palavra final da presidente, Camargo escolheu os nomes dos próximos decanos, o primeiro escalão da administração (leia quadro). O prefeito da UnB e o chefe de gabinete também estão definidos. Como o prometido durante a campanha, o reitor eleito promoverá uma grande mudança nesses cargos. “O mais importante para a escolha é o mérito de cada um, estamos seguindo o que nos comprometemos a fazer, mas com união. Vários grupos estão sendo representados”, explicou Camargo. O vice-reitor da UnB, João Batista, está à frente do processo de transição.

Nos cargos acadêmicos, Camargo escolheu o professor Jaime Santana para assumir o Decanato de Pesquisa e Pós-Graduação (DPP); Mauro Rabelo ficará à frente do Decanato de Ensino de Graduação (DEG); e Thérèse Hofmann, do Decanato de Extensão (DEX). “O Ivan queria renovação e pessoas com experiência. Aceitei com muito entusiasmo. O DPP é uma vitrine para a universidade, representa a produção do conhecimento. Vamos trabalhar para que todas as áreas estejam representadas”, afirmou Santana.

Rabelo encarou o convite para assumir o DEG como um desafio. “A universidade conta com 32 mil alunos. Um projeto de expansão ocorreu recentemente e temos muito trabalho pela frente, inclusive para inserir mais estudantes na instituição.” A fim de garantir a permanência desses novos universitários, o professor destacou que a assistência estudantil será uma prioridade da gestão. O professor Marco Aurélio de Oliveira assumirá a Prefeitura; e Humberto Abdalla, a chefia de gabinete.

Atento às funções administrativas, consideradas estratégicas e com muitos problemas a serem resolvidos, Ivan Camargo escolheu a docente Denise Bomtempo para o Decanato de Assuntos Comunitários (DAC). Luís Afonso Bermudez ficará à frente do Decanato de Administração (DAF); Gardênia Abbad, do Decanato de Gestão de Pessoas (DGP); e Carlos Alberto Torres, do Decanato de Planejamento e Orçamento (DPO). “Aceitei com muito entusiasmo e darei o melhor que puder, mas sabemos que precisamos tomar medidas para melhorar a universidade”, disse Torres. “Fiquei muito orgulhosa ao ser lembrada. Passei a vida estudando gestão de pessoas, será uma continuidade da minha própria carreira”, comentou Gardênia.

Controle

Os gastos da UnB para o próximo ano preocupam o novo reitor. “Tudo indica que teremos um ano de austeridade e uma administração bastante rigorosa com o controle orçamentário”, apontou Camargo. Ele prometeu verificar a conformidade dos contratos de prestação de serviço que vêm sendo questionados e resolver a situação dos precarizados (com contratos temporários), além de restaurar o Conselho Diretor. “Ele não foi usado nos últimos anos, mas é quem tem competência para avaliar as contas da universidade”, disse.

Com essa perspectiva, Bermudez projeta o trabalho à frente do DAF. “Será um desafio fazer uma boa gestão dos recursos da universidade, que são parcos. A UnB precisa é de uma nova forma de gestão dentro de uma estrutura pública difícil, com uma cenário de orçamento que não é fácil. Será um desafio conseguir recursos para que possamos levar a UnB a ser inovadora, empreendedora, moderna e que atenda aos anseios da sociedade e cumpra o seu papel”, opinou.

Ivan Camargo apontou a burocracia como um dos obstáculos a ser vencido na gestão. “A gente não consegue comprar nada, a demora é de seis meses. Precisamos colocar a máquina para funcionar”, disse. Além disso, ele pretende tomar medidas para melhorar a segurança. “Uma das primeiras medidas será a reforma da parte elétrica do Minhocão. Isso contribuirá para a segurança do câmpus”. Camargo também citou medidas para melhorar a excelência acadêmica.

Apesar da proposta de mudança, Camargo não trocará alguns comandantes. Ricardo Carmona continuará como diretor-geral do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe). Armando Raggio também ficará no cargo de diretor do Hospital Universitário (HUB). “A criação das empresas do Cespe e do HUB foi aprovada e já está em processo (comandado por Carmona e Raggio). Vamos cumprir o que os conselhos determinarem”, completou o novo reitor.

Adesão ao Enem Antes de definir se a Universidade de Brasília (UnB) vai aderir ao Sistema de Seleção Unificado (Sisu), o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) quer ouvir a comunidade acadêmica. Os representantes das faculdades, dos institutos e dos centros poderão se posicionar a favor ou contra a proposta que destina 25% das vagas do vestibular para os candidatos que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Atualmente, a UnB aproveita as notas do Enem nas vagas remanescentes do Programa de Avaliação Seriada (PAS) e do vestibular tradicional. “Isso representa cerca de 25% do total, por isso, sugerimos a adesão”, explicou o decano de Ensino de Graduação e idealizador da proposta, José Américo Garcia. Se os conselheiros aprovarem a iniciativa por maioria absoluta — atualmente, há 70 integrantes —, 25% das vagas serão destinadas ao Sisu, 25% ao PAS e 50% ao vestibular convencional.