O globo, n.31406, 02/08/2019. Economia, p. 17

 

Caixa extra

Bruno Rosa 

02/08/2019

 

 

 Recorte capturado

 

 

MAIOR GANHO DA HISTÓRIA / Venda de empresas impulsiona lucro de R$ 18,8 bi da Petrobras

O lucro da Petrobras bateu recorde no segundo trimestre deste ano, impulsionado pela venda de ativos como a TAG, maior transportadora de gás natural do Brasil. O cenário já era favorável para a companhia em razão da alta do dólar e do barril de petróleo, mas a privatização de empresas ajudou a estatal a registrar ganho de R$ 18,8 bilhões entre abril e junho, alta de 87,3% em relação ao mesmo período do ano passado e melhor resultado trimestral da história. Em mensagem aos acionistas, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse que a companhia pretende acelerar as privatizações, que renderam US$ 15 bilhões até julho.

Castello Branco citou que a estatal pode até se desfazer por completo da BR Distribuidora, que foi privatizada mês passado em uma oferta de ações na Bolsa. A Petrobras reduziu para 37,5% sua fatia na empresa vendendo R$ 9,6 bilhões em ações, cifra que ainda não apareceu nas contas. A empresa estima ganho de capital antes de impostos de R$ 14,2 bilhões no terceiro trimestre.

O presidente da Petrobras disse esperar valorização da fatia remanescente para vendê-la. “Ficamos ainda com 37,5% do capital da BR, queno futuro temos a intenção de vender parcial ou totalmente”, afirmou, no comunicado.

Anteontem, na primeira divulgação de resultados após a privatização, a BR Distribuidora registrou aumento de quase 15% no lucro líquido no segundo trimestre, na comparação com igual período de 2018, para R$ 302 milhões.

Castello Branco citou ainda o processo de venda de oito refinarias. Quatro delas já tiveram o edital lançado. O segundo pacote com a venda de outras quatro sai no próximo mês.

Na busca por maior rentabilidade, o executivo reforçou que a estatal vai “sair completamente dos negócios de transporte e distribuição de gás natural ”. Fechou ainda nove escritórios no exterior e está devolvendo concessões em países como o Uruguai.

Na lista de negócios à venda constam ainda a Liquigás, distribuidora de gás de botijão, campos de petróleo em águas profundas e áreas terrestres e duas unidades de fertilizantes.

No primeiro semestre, o lucro líquido da Petrobras somou R$ 22,9 bilhões, alta de 34,4% em relação ao mesmo período de 2018. Coma perspectiva de resultados melhores, o Conselho de Administração antecipou a distribuição de dividendos, no total de R$ 2,6 bilhões, equivalentes a R$ 0,20 por ação ordinária e preferencial em circulação, superando os R$ 0,10 por ação do trimestre anterior.

Apesar do desempenho, a Petrobras mostrou preocupação coma dívida líquida, que chegou a US$ 83,67 bilhões no segundo trimestre, alta de 13,6% em relação a igual período do ano passado.

“A Petrobras se defronta ainda com alavancagem financeira excessiva para uma companhia produtora de commodities e, portanto, exposta à volatilidade de preços e consequentemente defluxo de caixa ”, destacou a companhia. A empresa ressalta que encargos financeiros consomem 40% do caixa operacional, o que indica a necessidade de mais vendas de ativos para reduzir dívida.

MENOS INVESTIMENTOS

No primeiro semestre, os investimentos, de R$ 4,94 bilhões, caíram 20,4% em relação ao ano passado. Além disso, a companhia avisou que pretende investir menos em 2019. A meta, que era de US$ 16 bilhões, foi revisada para algo no intervalo de US$ 10 bilhões a US$ 11 bilhões.

Pedro Galdi, analista de investimentos da Mirae Asset, lembrou que a elevação do preço do petróleo, o efeito cambial e reajustes de preços dos combustíveis,que foram feitos quase diariamente no segundo trimestre, compensaram aqueda de 0,5% na produção no período. Mesmo assim, pondera que a venda de ativos é que vai definir o futuro da empresa.

— Seguimos otimistas com o desempenho nos próximos trimestres, considerando a continuidade do programa de desinvestimentos e foco na evolução da exploração de petróleo no pré-sal.

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Correios entram na mira da privatização, diz Guedes 

02/08/2019

 

 

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou ontem que, após a privatização da BR Distribuidora por meio da oferta de ações na Bolsa, os Correios são a próxima prioridade do governo no programa de desestatização. Em viagem à cidade gaúcha de Novo Hamburgo, onde deu palestra em uma universidade, o ministro renovou o compromisso do governo com a venda de estatais:

— Por mim, venderia tudo. Na palestra, o ministro disse que, vencida a venda da BR, “a dos Correios deve estar por vir”. Guedes afirmou que a venda da estatal seria importante para ajudar a pagar pensões dos aposentados dos Correios, cujo fundo de pensão, o Postalis, acumula déficits financeiros e investigações por má gestão.

—Quem aqui ainda escreve carta? —perguntou Guedes à plateia.

OTIMISMO SOBRE REFORMA

Sobre a reforma da Previdência, o ministro disse esperar que a votação em segundo turno na Câmara dos Deputados esteja concluída na próxima semana, quando o Congresso volta do recesso. Ele também afirmou que o Senado pode causar “uma boa surpresa”, incluindo estados e municípios em uma proposta de emendaà Constituição paralela.

O ministro também afirmou que o governo vai começara“derrubar os spreads( diferença entre o custode captação e oc obra doem financiamentos) bancários ”. Sobre a reforma tributária, ele disse que é preciso “reduzir alíquotas para todos pagarem, mas pagarem menos”. (Com Bloomberg News e G 1)