O globo, n.31406, 02/08/2019. Economia, p. 19

 

EUA e Brasil fecham parceria na infraestrutura 

Marcello Corrêa

Eliane Oliveira 

João Sorima Neto

02/08/2019

 

 

Perspectiva. Wilbur Ross quer tranquilizar investidores: “Estou menos nervoso aqui do que em outros lugares”

O secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, assinou ontem um memorando de entendimento para facilitar negócios e investimentos em projetos de infraestrutura feitos por americanos no país. A parceria foi formalizada após encontro com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas. Ao assinar o documento, Ross elogiou os planos do governo brasileiro.

O acordo é o primeiro resultado concreto da visitado secretário ao Brasil. Na quarta-feira, após reunião com Ross, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que as negociações entre Brasil e EUA para um acordo de livre comércio haviam começado oficialmente.

— Estou muito impressionado com o nível de detalhe. Este é um governo que está realmente começando a se mexer. Essa é uma consideração muito importante para aqueles que estão um pouco nervosos em investir. Estou menos nervoso aqui do que em outros lugares —disse Ross.

O acordo foi fechado entre a Opic, agência americana que financia projetos fora dos EUA, e o Programa de Parcerias e Investimentos (PPI), pelo lado brasileiro. Hoje, a Opic tem cerca de US$ 60 bilhões para investimentos em paíse emergentes. Ross afirmou que os EUA querem ser protagonistas no desenvolvimento da infraestrutura na América Latina:

— Os Estados Unidos querem ser o parceiro preferencial para projetos na América Latina, porque nossas empresas oferecem expertise, inovação, integridade e valor demandado para a infraestrutura.

A secretária de coordenação de obras estratégicas do PPI, Verônica Sanchez, destacou a importância da parceria:

—Temos um gap, e esse gap precisa ser preenchido pelas parcerias com empresas privadas, não só brasileiras, mas do mundo todo.

O acordo prevê o estabelecimento de uma agenda para definir uma carteira de projetos de infraestrutura para serem desenvolvidos.

LANÇAMENTO DO PRÓ-INFRA

Também ontem, o governo federal lançou, em São Paulo, o Pró-Infra, cujo objetivo é elevar o investimento anual em infraestrutura dos atuais 1,6% para 3,8% do PIB até 2022. O programa reúne a iniciativa privada, o BNDES e o PPI.

— Vamos necessitar de investimento para elevar o estoque de infraestrutura, ou vamos enfrentar gargalos —disse Carlos da Costa, secretário especial de Produtividade do Ministério da Economia.

Segundo ele, o Pró-Infra resolverá os entraves à vinda de capital externo para obras de infraestrutura, como a insegurança jurídica.