Título: PSol desiste de retaliações
Autor: Caitano, Adriana
Fonte: Correio Braziliense, 09/11/2012, Política, p. 5

Em vez de elevar a autoestima do PSol, a eleição do primeiro prefeito do partido em uma capital — Macapá — e a expressiva votação do candidato de Belém levaram a legenda a um impasse que quase resultou em punição aos responsáveis pela vitória. Em reunião da Executiva Nacional ontem, em Brasília, alguns integrantes da sigla, que existe há oito anos, criticaram as alianças feitas no segundo turno com partidos que diferem da linha ideológica socialista. O pedido de sanção, porém, ficou de fora do relatório final sobre as eleições elaborado no encontro.

Na disputa municipal deste ano, o PSol elegeu dois prefeitos — Clécio Luís, em Macapá, e Gelsimar Gonzaga, em Itaocara (RJ) — e 49 vereadores, sendo 21 em capitais, além de ter chegado ao segundo turno em Belém. Na eleição de 2008, o partido havia conseguido 30 vagas em câmaras municipais. Com a nova situação, o grupo mais radical da legenda reagiu negativamente às necessárias estratégias de campanha. No Amapá, Clécio foi apoiado pelo PSDB e pelo DEM e, na capital paraense, Edmilson Rodrigues disputou o segundo turno com o reforço do PT e do PDT, tendo inclusive mensagens do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff em seu programa de TV.

As alianças irritaram alguns integrantes do partido, que queriam abrir processo no Conselho de Ética interno contra Clécio Luís, o senador Randolfe Rodrigues (AP), que coordenou a campanha em Macapá, e Edmilson Rodrigues. "Esse grupo acreditava que o apoio de legendas fora do nosso espectro ideológico poderia confundir os eleitores e prejudicar a imagem do partido", relata o presidente do PSol, deputado federal Ivan Valente (SP).

O objetivo repressor, no entanto, não prosperou. A Executiva Nacional entendeu ser natural a adesão de siglas derrotadas no primeiro turno a candidatos que seguem na disputa. "Em ambos os casos, os partidos eram adversários dos outros concorrentes e tinham interesse em derrotá-los, mas em nenhum momento foram negociados cargos ou benefícios posteriores por esses apoios", comenta Valente. "De qualquer forma, reconhecemos que foram feitos erros de método, não houve consulta prévia e os candidatos não se acautelaram sobre a forma de receber as adesões".

Graças ao impasse gerado pelo crescimento da legenda, o PSol incluiu no relatório sobre as eleições os cuidados que deverá ter daqui para a frente em casos semelhantes. "Definimos que, se essa adesão não tem prejuízos do ponto de vista ético e da possível rejeição do eleitor, pode ser feita, desde que deliberada pelo partido e que não haja compromissos de participação no governo", destaca. Ainda assim, o grupo de esquerda, derrotado com a diferença de apenas um voto, resolveu elaborar um texto à parte sobre o que acha ser a atitude certa para o partido.

"Esse grupo (do PSol) acreditava que o apoio de legendas fora do nosso espectro ideológico poderia confundir os eleitores e prejudicar a imagem do partido" Ivan Valente, presidente do PSol e deputado federal