Título: Só o apagão tirou o sono da ministra Cármen Lúcia
Autor: Cipriani, Juliana
Fonte: Correio Braziliense, 09/11/2012, Política, p. 6
Belo Horizonte — Possibilidade de fraude na votação eletrônica, ausência de mesários, violência contra candidatos e eleitores, atraso na apuração dos resultados, nada disso foi capaz de tirar a tranquilidade da presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, na primeira eleição que comandou. A única preocupação que ela teve foi com o risco de apagões durante a votação. A revelação foij feita pela própria magistrada, homenageada ontem com medalha de mérito pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais. A ministra exaltou a qualidade da tecnologia do sistema eleitoral brasileiro, mas criticou o que considera uma falha em um setor da infraestrutura essencial para a dignidade do cidadão.
"Os dias que antecederam as eleições me deixaram, em alguns momentos, 48 horas no ar, sem dormir, de preocupação de que, em alguns lugares do Brasil, nós não tivéssemos energia elétrica. Eu dependo de um serviço público essencial — e isso é cidadania, é direito fundamental — para pôr em exercício o sistema provavelmente mais apurado de eleições do Planeta Terra", disse a ministra. Cármen Lúcia colocou na conta do Poder Executivo as eventuais falhas no processo eleitoral brasileiro que, segundo ela, é acompanhado de perto por centenas de países. Os blecautes voltaram a assombrar os brasileiros no mês passado. Os mais graves atingiram a maior parte dos estados do Norte e Nordeste.
Ela também disse que a rede de transmissão de dados também mereceu atenção especial, já que todas as urnas eletrônicas espalhadas pelo país ficam conectadas com os servidores da Justiça Eleitoral. "Temos esse sistema funcionando, com esse acesso e visibilidade no mundo inteiro, mas, nos dias que antecederam (a eleição), eu tinha pavor de que o sistema de telecomunicações não funcionasse ou falhasse, como várias vezes já falhou nas eleições de 2010. Isso deixa às claras para nós que, no Brasil, vivemos esse momento de transformações, mas com várias humanidades", disse.
De acordo com a ministra, o Brasil precisa se preocupar com as mudanças e os avanços tecnológicos, mas com o cuidado de garantir "um mínimo de qualidade existencial, de direitos fundamentais a todos os brasileiros". Em discurso na solenidade de entrega da Medalha do Mérito Legislativo, Cármen Lúcia lembrou que as duas principais leis que regem as eleições no país tiveram forte participação popular. Ela se refere às normas que passaram a punir a compra de votos e, mais recentemente, à Lei da Ficha Limpa, que impede políticos condenados por órgãos colegiados de disputar cargos eletivos.
"Os dias que antecederam as eleições me deixaram sem dormir, de preocupação de que, em alguns lugares do Brasil, nós não tivéssemos energia elétrica" Cármen Lúcia, presidente do TSE