Correio braziliense, n. 20536, 14/08/2019. Política, p. 6

 

MP definirá estrutura do Coaf

14/08/2019

 

 

O destino do Coaf ainda é incerto. O governo deve encaminhar, até o fim da semana, ao Congresso Nacional, uma medida provisória para criar a nova estrutura do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). O órgão é ligado ao Ministério da Economia e poderá ser transferido para o Banco Central (BC) e se chamará Unidade de Inteligência Estratégica.

Apesar de o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, afirmar, ontem, que “não há definição” sobre o assunto e que se “trata, obviamente, de ilações de momento, que poderão no futuro ser confirmadas ou não”, na última sexta-feira, o presidente Jair Bolsonaro admitiu que mantém conversas com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, para concluir o texto a ser enviado ao Congresso.

“O que nós pretendemos é tirar o Coaf do jogo político. Tudo onde tem política sempre sofre pressões de um lado ou outro. Não é desgaste pra mim, nem para o Moro. Caso vá para o BC, vai fazer seu trabalho sem qualquer suspeição de favorecimento político de lado ou outro”, afirmou o presidente.

A decisão, pelo que deixou claro, depende da vontade de Campos Neto, que segundo sinalizou Bolsonaro, já deu sinal verde para a troca e, inclusive ideias sobre como o Coaf ficaria no BC. “O que parece é que ele pretende é ter um quadro efetivo do Coaf, que mudaria de nome, inclusive”, afirmou o presidente.

A crise no órgão se agravou quando o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, impediu o uso de informações do Coaf em investigações sem prévia autorização judicial. A decisão beneficia o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). O presidente do conselho, Roberto Leonel, criticou a decisão de Toffoli e vem sendo pressionado a deixar o cargo.

Bolsonaro recebe candidato à PGR

O presidente Jair Bolsonaro segue firme na busca de um procurador-geral da República que não “atrapalhe a agenda do desenvolvimento”, como defendeu na segunda-feira. Ontem, ele “entrevistou” mais um nome para o cargo. Pela primeira vez, recebeu o subprocurador-geral da República mais votado na lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Mário Bonsaglia. Foi o primeiro encontro entre eles. Questionado se está de acordo com o perfil exigido por Bolsonaro para a PGR, Bonsaglia foi evasivo. Disse que não discutiram sobre pautas, mas insinuou que poderia encampar algumas ideias, como possibilitar o desenvolvimento econômico em reservas indígenas, com direito à extração mineral e outras atividades. “Esse tema não foi especificamente tratado, mas o Ministério Público Federal (MPF) tem uma instituição plural, em que diversas reflexões a respeito do tema podem ser desenvolvidas para que os direitos envolvidos sejam compatibilizados”, declarou. O subprocurador negou, no entanto, que Bolsonaro tenha feito algum pedido específico, caso ele seja escolhido para o cargo.