Correio braziliense, n.20540, 18/08/2019. Política, p. 4

 

"Que vai ter veto, vai", garante o presidente

Luiz Calcagno

18/08/2019

 

 

Poder » Em agenda pelo Sudeste, Bolsonaro afirma que vai suprimir trechos do projeto de lei de abuso de autoridade aprovado pelo Congresso e elogia as Forças Armadas

O projeto de lei de abuso de autoridade vai ditar o ritmo da semana que se inicia. E com a sinalização do presidente Jair Bolsonaro de que serão vetados trechos da proposta aprovada pelo Congresso, a tendência é de que a relação fique estremecida com o Parlamento. “Que vai ter veto, vai”, disse Bolsonaro, em Resende (RJ), onde dormiu na sexta-feira para participar de uma cerimônia na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). O presidente ainda não afirmou quais pontos pretende suprimir do PL aprovado, mas a tendência é que um dos pontos seja sobre a punição à utilização irregular de algemas.

O presidente teve uma longa agenda no sábado, que começou, justamente, com a cerimônia de entrega de espadins aos cadetes da Aman. Na solenidade, Bolsonaro discursou para a corporação e voltou a falar sobre a Amazônia e, até, das eleições na Argentina. Do Rio de Janeiro, Bolsonaro partiu para São Paulo, passando por Guaratinguetá, a caminho de Barretos, onde participou da cerimônia de abertura do rodeio da 64ª Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos.

Na tradicional festa do interior paulista, Bolsonaro elogiou a agropecuária. “Esse momento em que todos criticam as festas de peão ou a vaquejada, com orgulho, estou com vocês. Para nós, não existe politicamente correto. Faremos o que tem que ser feito. Pela ocasião do encontro G20, em Osaka, pela primeira vez na vida, os poderosos do mundo receberam o presidente da República do Brasil em pé de igualdade. Não voltei pra cá para demarcar terras indígenas ou quilombolas”, afirmou.

Na Aman, ao homenagear os cadetes, Bolsonaro destacou que as Forças Armadas são defensoras da democracia, e lembrou que parte dos militares será enviada para a Amazônia, que chamou de “rica e cobiçada”. Desta vez, o presidente não citou a Alemanha e a Noruega, que suspenderam, respectivamente, o pagamento de US$ 80 milhões e R$ 133 milhões, respectivamente, do Fundo Amazônico esta semana por conta do aumento do desmatamento na região. A verba era utilizada na fiscalização e nas operações de combate ao desflorestamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

“As Forças Armadas, em todo o momento em que a pátria assim as requereu, não faltaram com o compromisso de lealdade ao seu povo, de cumprir a missão em defesa da democracia e da liberdade. Vocês daqui, sairão para os quatro cantos deste nosso querido Brasil, levar sangue novo a este povo”, disse o presidente. “Em especial, há aqueles que irão para a nossa rica e cobiçada Amazônia. Nós temos compromisso com este pedaço de terra mais rico e sagrado do mundo. Não é à toa que outros países cada vez mais tentam ganhar a guerra da informação para que nós venhamos a perder a soberania sobre essa área”, completou Bolsonaro.

Foi a primeira vez que Bolsonaro participou da cerimônia como presidente da República. Ele estava acompanhado de integrantes do primeiro escalão do governo, governadores e autoridades de outros Poderes, como o Presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM); o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli; a procuradora-geral da República, Raquel Dodge; os ministros da Infraestrutura, Tarcísio Freitas; da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos; da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva; do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno; os governadores de São Paulo, João Doria; Goiás, Ronaldo Caiado; e do Rio de Janeiro, Wilson Witzel;

Sobre as eleições na Argentina (leia mais na página 15), Bolsonaro mandou uma mensagem para a chapa favorita do país, formada por Alberto Fernández e a ex-presidente Cristina Kirchner, que ganharam com folga as primárias. Para o presidente, o Brasil não pode “se aproximar de políticas outras que não deram certo em nenhum lugar do mundo”. “Peçamos a Deus, neste momento, que a nossa querida Argentina, mais ao Sul, saiba como proceder, através do seu povo, para não retroceder. A liberdade não tem preço”, afirmou.

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Rio-SP

18/08/2019

 

 

 

 

O presidente Jair Bolsonaro teve uma intensa agenda de viagem ontem. O primeiro compromisso oficial ocorreu em Resende (RJ), para onde havia viajado no fim da tarde de sexta-feira. Participou da cerimônia de entrega de espadim aos cadetes da Turma “Bicentenário da Independência do Brasil”. Antes da solenidade, no entanto, teve tempo para saborear um cachorro-quente no food truck Hot Dog do Senhor. No meio da tarde, seguiu para Barretos, no interior paulista. Depois de visitar o jantar “Queima do Alho”, participou da abertura do rodeio da 64ª Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos. O retorno a Brasília estava previsto para ocorrer ontem à noite.