Correio braziliense, n. 20539, 17/08/2019. Política, p. 4

 

Alexandre Frota se filia ao PSDB

Bernardo Bittar

17/08/2019

 

 

O deputado Alexandre Frota (SP) aceitou o convite do governador de São Paulo, João Doria, e filiou-se ontem ao PSDB. Eleito com mais de 155 mil votos, em 2018, pelo PSL, o parlamentar era visto como bastante próximo de Jair Bolsonaro. Hoje, critica abertamente o presidente, dizendo que ele tem “uma milícia”, e coleciona desafetos no antigo partido.
“Estou aliviado de não ter mais o peso Bolsonaro em minhas costas. Isso não é ser Judas, como a milícia dele tenta pintar”, disse Frota. Na última quinta-feira, o deputado foi expulso da legenda pela qual se elegeu, acusado de infidelidade partidária por criticar Bolsonaro abertamente e por abster-se no segundo turno de votação da reforma da Previdência, parte da agenda prioritária do governo.
Na cerimônia de filiação ao PSDB, Frota disse não se constranger por estar na mesma legenda de Aécio Neves (MG), réu da Lava-Jato. “Eu estava num partido que tinha o Queiroz. Vou ficar constrangido?”, disse. Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), é investigado pelo Ministério Público por suspeita de corrupção.
Antes de aceitar o convite do PSDB, Frota chegou a iniciar negociações com o DEM. O deputado rejeita acusações de ter faltado com a ética. Ele afirma que fez “sacrifícios” para Bolsonaro desde 2013, nas redes sociais. Segundo ele, o presidente “se amedrontava com movimentos de esquerda”.
“Muitas vezes, ele ficava assustado, com medo da CUT, do PT, do MST, e eu trazia amigos de minha academia para fazer a segurança dele. Eu o buscava no aeroporto, disponibilizava carro blindado. Levei-o a rádios e televisões, a restaurantes populares. Em Curitiba, eu o carreguei nos ombros do aeroporto ao trio elétrico. Saí na porrada com o PT por causa dele, participei de todas as manifestações. Dobrei várias pessoas que não queriam votar nele. Eu acreditei”, completou.
Agora, Frota afirma que Doria seria o presidente que traria dignidade ao país. “Bolsonaro tem viés ditatorial. Um deputado que não concorda com ele é expulso do partido. Um ministro que não compactua com a vontade do filho dele é demitido”, diz. Para ele, o país precisa migrar do radicalismo de direita para a centro-direita. “Bolsonaro não é burro, mas um idiota ingrato que nada sabe. Aquela cadeira de presidente ficou grande para ele, e ele se lambuzou com o mel da Presidência”, afirma.