Título: Bashar Al-Assad descarta renúncia
Autor: Walker, Gabriela
Fonte: Correio Braziliense, 09/11/2012, Mundo, p. 17

O presidente sírio, Bashar Al-Assad, descartou a possibilidade de deixar o país e abrir caminho para que um novo regime assuma o governo. Al-Assad também rejeitou a ideia de qualquer intervenção externa e fez um alerta para as possíveis consequências de uma ação militar internacional na Síria. “Acho que o preço de uma invasão estrangeira, se acontecer, será mais alto do que o mundo pode suportar. Isso causará um efeito dominó que afetará o mundo do Atlântico ao Pacífico”, disse, em entrevista a um canal russo de televisão, em trechos divulgados ontem.

As declarações foram recebidas como uma resposta ao premiê da Grã-Bretanha, David Cameron, que na última terça-feira disse ser favorável a “qualquer esforço” para ver Al-Assad deixar a Síria. No entanto, o governante deixou claro que sua saída não será facilitada. “Eu não sou um fantoche. Sou sírio, fui criado na Síria, tenho que viver e morrer na Síria”, disse, descartando a ideia de se exilar em outro país.

“Sou mais resistente que Kadafi”, teria dito Al-Assad na entrevista que será veiculada hoje. O presidente se mantém no governo, enfrentando forte pressão internacional e a ação de diversos grupos rebeldes, que, há cerca de 20 meses, se engajaram na luta armada para tirá-lo do poder. Mas diferentemente do ex-líder líbio, Al-Assad não se isolou e, de certa forma, consegue manter relação importante com países como a Rússia, o Irã e a China.

Discussões em Doha

Na tentativa de organizar e unificar a resistência a Al-Assad, representantes de grupos rebeldes e políticos exilados estão reunidos na capital do Qatar. O encontro foi apoiado por países árabes e ocidentais que buscam uma oposição confiável para combater o mandatário. Desde terça-feira, quando as negociações tiveram início, os ânimos se exaltaram devido a fortes divergências entre os rebeldes.