Título: Mercado não crê em recuperação
Autor: Martins, Victor ; Bancillon, Deco
Fonte: Correio Braziliense, 12/11/2012, Economia, p. 8
Analistas de mercado não conseguem acreditar em perspetiva favorável para empresas industriais até o fim do ano nem na eficácia das medidas adotadas pelo governo. Os números da Confederação Nacional (CNI) apresentados na última semana reforçam argumentos de que os benefícios se converteram apenas em margem de lucro maior para algumas empresas.
Enquanto o faturamento real da indústria de transformação cresceu 3,1% no acumulado do ano até setembro, as horas trabalhadas na produção encolheram 2,0%; o ritmo das fábricas tombou 1,2%; e o emprego, 0,3%. Os preços, por outro lado, não deram alívio.
Reajustes Pelos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quando se avalia o produto na porta da fábrica, sem impostos e frete, houve aumento de preços de 6,35% no ano, em média. Há casos em que a elevação foi bem maior que isso: na indústria de alimentos, a alta foi de 15,34%; na de bebidas, 11,89%; na de papel e celulose, 9,49%; na de equipamentos de transporte, 8,54%; e na de máquinas e equipamentos, 5,85%.
"Nota-se que alguns setores utilizaram dos benefícios para melhorar margem. As medidas de estímulo não se traduziram em aumento da produção e dos investimentos", avalia a sócia e consultora da Gibraltar Consulting Zeina Latif.
"O que deu errado é que a indústria não está crescendo. Assim, o emprego também não cresce. Isso está ocorrendo porque o custo de produzir no Brasil está muito alto, os salários crescem acima da produtividade", argumenta José Márcio Camargo, economista da gestora de recursos Opus Investimentos.(VM e DB)