Título: Medidas vão fazer efeito, diz governo
Autor: Martins, Victor ; Bancillon, Deco
Fonte: Correio Braziliense, 12/11/2012, Economia, p. 9

Para técnicos da equipe econômica, é preciso mais tempo para as mudanças gerarem resultados. Mas economistas notam falhas estruturais que impedem investimentos

Na visão do governo, ainda é cedo para uma avaliação mais detalhada dos efeitos das medidas de estímulo à indústria. Integrantes da equipe econômica lembram que apenas três setores se beneficiaram por um período suficientemente longo, de nove meses: automóveis, móveis e linha branca. Os outros foram contemplados mais tarde e ainda não puderam absorver os estímulos. "É natural que em um primeiro momento as desonerações ajudem a aumentar a margem mas, em um segundo momento, quando a empresa decidir reinvestir parte do lucro, isso vai se transformar em ampliação de emprego e produção", defende um técnico que pede quer ser identificado. Na visão dele, houve redução do prejuízo, não avanço do lucro. "No mercado externo nossos preços também já estão mais competitivos", acrescenta.

Segundo especialistas, enquanto a indústria não cresce e os investimentos não deslancham, não há como garantir uma taxa robusta para o Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas em um ano). "O crescimento parece mais fraco do que o esperado para este trimestre e aponta para um ritmo mais lento no próximo ano. As empresas ainda estão cautelosas, adiando seus planos de investimento", explica o economista chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn. "Elas permanecem preocupadas com o cenário internacional e com a consistência da recuperação doméstica", completa.

Para a sócia da Gibraltar Investimentos Zeina Latif, o problema das empresas industriais não está na dificuldade de vender, mas na competitividade. Ela explica que o custo da mão de obra e a péssima infraestrutura do país têm travado a indústria. "O problema está no lado da oferta, não da demanda", acrescenta.O economista José Márcio Camargo faz avaliação semelhante. "Sem investimento, não há como crescer", sentencia. Eles, porém, afirmam que o governo compreendeu essas questões e deu os primeiros passos na direção de amenizar esses problemas.