Correio braziliense, n.20546, 24/08/2019. Brasil, p.6

 

PF investiga venda de ativos da Petrobras

Renato Souza

24/08/2019

 

 

Lava-Jato / Operação teve como alvo a ex-presidente da estatal., Graça Foster, e do Pactuai, André Esteves, por suspeita de irregularidades na aquisição, pelo banco, de bens da petroleira na África. Polícia Federal estima em US$ 6 bilhões valor do prejuízo

A ex-presidente da Petrobras Graça Foster e o empresário André Esteves, ex-presidente do banco BTG Pactual foram alvos de mandados de busca e apreensão na 64ª fase da Operação Lava-Jato, deflagrada pela Polícia Federal para investigar a venda de ativos da Petrobras na África para o banco. As investigações apontam que o BTG foi favorecido na negociação, em 2013, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff. O Ministério Público Federal (MPF) aponta que 50% dos ativos foram vendidos por U$ 1,5 bilhão. No entanto, o negócio estava avaliado entre US$ 5,6 bilhões e US$ 8,4 bilhões.
De acordo com a PF, o prejuízo aos cofres públicos pode chegar a R$ 6 bilhões. Durante o processo de venda de ativos, o BTG teria tido acesso a informações sigilosas, que de acordo com as diligências, favoreceram a instituição. Além disso, teria ocorrido restrição de concorrência. O negócio foi aprovado em apenas um dia pela diretoria e, em apenas mais 24 horas, pelo conselho da Petrobras.
Essa fase da operação tem como base informações repassadas pelo ex-ministro Antônio Palocci. Ele relatou que André Esteves teria negociado com o ex-ministro Guido Mantega o repasse de R$ 15 milhões destinados ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para que o BTG tivesse privilégio em um contrato de sondas do pré-sal da Petrobras.
De acordo com o Ministério Público, “apura-se, ainda, informações contidas em e-mails de Marcelo Odebrecht e prestadas por Palocci no sentido de que a ex-presidente da Petrobras Graça Foster teria conhecimento do esquema de corrupção à época na estatal, mas não teria adotado medidas efetivas para apurar tal esquema ou impedir a continuidade do seu funcionamento”.
O procurador da República Deltan Dallagnol afirmou que “essa é mais uma investigação sobre possíveis crimes que têm relação com instituições financeiras. Já houve denúncias apontando crimes relacionados a funcionários do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco Paulista e corretoras. A força-tarefa tem explorado todas as linhas investigativas em sua esfera de atribuição”.

Recursos espúrios

 

No mandado que autorizava as buscas em endereços de André Esteves, o delegado Filipe Pace determinou aos agentes que também procurassem documentos ou provas que apontassem “eventual manutenção de recursos espúrios  para Lula, suas empresas, e/ou familiares”. Não se tem informações sobre o que foi apreendido.
O BTC Pactual informou que está à disposição das autoridades, e “que o objeto da referida busca e apreensão foi alvo de uma investigação independente conduzida pelo escritório de advocacia internacional Quinn Emanuel Urquhart & Sullivan, LLP,  contratado, em 2015, por um comitê independente formado para fazer uma auditoria externa e imparcial sobre as alegações relacionadas a atos ilícitos”. Segundo a instituição, “a auditoria concluiu não existir qualquer indício de irregularidade”.
A defesa de André Esteves informou que é “Inexplicável e verdadeiramente assustadora a nova medida de força adotada sem qualquer motivo, baseada na desacreditada delação de Antonio Palocci, contra uma instituição financeira e um cidadão recentemente vítima de violento erro judiciário reconhecido por todas as instâncias judiciais.” O PT informou que “nada que Palocci diga sobre o partido tem credibilidade”.

 

PRF apreende pistolas no Rio
 

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) interceptou um carregamento de armas e munições ontem, durante uma abordagem na Rodovia Presidente Dutra (BR-116), em Vigário Geral, zona norte do Rio de Janeiro. Foram apreendidas 47 pistolas, além de munições para diversos calibres de fuzil e pistola. Os agentes da PRF desconfiaram do motorista de uma caminhonete e decidiram abordá-lo. Com ajuda de um cão farejador, os policiais conseguiram encontrar um carregamento de 47 pistolas, 91 carregadores de pistola e cinco de fuzil, além de 60 munições para uso de fuzil. O material estava escondido em um compartimento preparado debaixo do banco traseiro. O motorista confessou que receberia R$ 5 mil para levar o armamento de Ponta Grossa  (PR) até São Gonçalo, na região metropolitana do Rio.