Título: Trampolim eleitoral
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 11/11/2012, Política, p. 6

Não é só a presidente Dilma Rousseff que se preocupa com a própria reeleição em 2014. Vários ministros de pastas estratégicas na Esplanada vão trabalhar ao longo dos próximos dois anos pensando no futuro político. A maior parte deles, de olho nos governos estaduais. Quanto maior a capilaridade da pasta que comandam, ou maiores os orçamentos que administram, maiores as chances de fazer um trabalho visível para possíveis eleitores.

Mas nem todos os futuros candidatos estão em ministérios com trabalhos visíveis para a população. A chefe da Casa Civil, ministra Gleisi Hoffmann, por exemplo, é candidata certa ao governo do Paraná. Embalada pela vitória de seu candidato à prefeitura de Curitiba — o pedetista Gustavo Fruet, que foi levado pela ministra para uma audiência extra-agenda com Dilma —, Gleisi deve permanecer ao lado da presidente até 2014. Muitos defendem que ela deixará o Planalto para assumir a liderança do governo no Senado. “Acho difícil. Gleisi tem um perfil que Dilma aprova. Trabalha de oito da manhã à meia-noite, cumpre todas as missões dadas e é avessa a entrevistas”, disse uma pessoa próxima da presidente.

Só para o governo de São Paulo existem três pré-candidatos se acotovelando no governo federal. Aloizio Mercadante (Educação), Marta Suplicy (Cultura) e Alexandre Padilha (Saúde) aproveitam a visibilidade de seus ministérios para aparecer aos futuros eleitores. Mercadante conseguiu passar sem sobressaltos pelo primeiro Ensino Nacional de Ensino Médio (Enem) de sua gestão. Aproveita boa parte das viagens presidenciais — “inclusive em assuntos com os quais não tem nenhuma ligação”, reclama um colega enciumado — para aparecer ao lado de Dilma, demonstrando prestígio político.

Padilha aproveitou as eleições municipais para fazer um tour pelo interior de São Paulo. Sob o pretexto de apoiar os candidatos do PT pelo estado, fincou bandeiras para uma possível candidatura em 2014. Apoia-se, especialmente, no espírito de “novo” incorporado pelo PT e pelo ex-presidente Lula. Com uma pasta que tem menos recursos e administrando uma área problemática, Marta Suplicy tenta imprimir seu estilo no Ministério da Cultura. No primeiro grande evento de sua gestão, convidou um diretor de teatro para planejar a cerimônia de entrega da Ordem do Mérito Cultural.

Definições Outro que tem o futuro praticamente definido é Fernando Pimentel, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Com o rompimento entre PT e PSB mineiros na disputa pela prefeitura de Belo Horizonte, Dilma escolheu Patrus Ananias para disputar a eleição e fez com que ele se acertasse com Pimentel, que será o candidato do partido ao governo estadual daqui a dois anos.

Comandando uma pasta estratégica para o governo na Região Nordeste, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, surge como boa opção para suceder Eduardo Campos (PSB) no governo de Pernambuco. (PTL)