Título: Reforma pontual em 2013
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 11/11/2012, Política, p. 6

Mudança no desenho ministerial não será drástico e terá como principal objetivo acomodar o PSD e recompensar o peemedebista Chalita

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que desembarca nesta semana em Brasília para negociar com a presidente Dilma Rousseff a entrada do PSD no governo federal, engrossa a lista dos políticos e partidos que pedem cargos de olho nos orçamentos a serem administrados pelas respectivas pastas. A ideia de Dilma é oferecer ao PSD — que conta com 52 deputados na Câmara e elegeu 496 prefeitos — o futuro Ministério da Micro e Pequeno Empresa. Kassab quer a Secretaria de Aviação Civil (SAC), que administrará um montante de R$ 4,6 bilhões.

Criado em setembro de 2010, o PSD tem pouco mais de um ano, apenas uma eleição municipal e aprendeu rapidamente que a importância de uma legenda no governo está diretamente atrelada ao número de ministérios ou ao orçamento que tem sob seu domínio. “Pela SAC passarão os projetos e recursos para investimentos em obras nos principais aeroportos brasileiros ao longo dos próximos anos”, admitiu ao Correio um integrante graúdo da futura legenda.

O anúncio de qual ministério o PSD assumirá deve ocorrer apenas em fevereiro, após as eleições para as Mesas Diretoras da Câmara e do Senado. As duas Casas serão presididas, se nada der errado, pelo PMDB, a outra legenda que deve ganhar uma pasta. O candidato derrotado do partido na disputa pela prefeitura de São Paulo, Gabriel Chalita, será o provável indicado para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, cujo orçamento para investimentos em 2013 é da ordem de R$ 1,3 bilhão.

Chalita foi secretário de Educação do governo de São Paulo. Já avisou a amigos que não vê problemas em assumir uma pasta que trabalha em parceria com o MEC. “É um setor com o qual ele tem afinidade e que pode crescer ainda mais ao longo dos próximos anos”, lembrou um interlocutor do PMDB. Por enquanto, Dilma apenas elogia o peemedebista em todos as oportunidades — a mais recente foi no jantar com a cúpula do PMDB, na última terça-feira. Mas não fez qualquer convite oficial.

Capilaridade Candidato derrotado ao governo de São Paulo, Chalita sabe que não tem como pleitear o Ministério da Educação, ocupado atualmente por Aloizio Mercadante. O PT não abre mão da pasta, da qual saíram o atual governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, e o prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad. O ministério conta com o segundo maior Orçamento da Esplanada, com R$ 11,1 bilhões e uma capilaridade por todos os municípios brasileiros. Carrega também consigo uma infinidade de problemas. Mercadante passou pelo primeiro teste na semana que passou: o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) transcorreu sem problemas.

O maior orçamento entre os Ministérios é o do Transportes, com R$ 15,6 bilhões nos cofres previstos para investimentos no próximo ano. Durante o segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva até o meio de 2011, a pasta era controlada pelo PR. Uma série de escândalos e denúncias de corrupção fez com que a presidente Dilma exonerasse o agora senador Alfredo Nascimento (AM) e efetivasse Paulo Sérgio Passos. O PR pressionou por quase um ano o Planalto para retomar a pasta.

As joias da Esplanada Confira as pastas mais cobiçadas

Ministério Orçamento para 2013

Transportes R$ 15,6 bilhões Educação R$ 11,1 bilhões Cidades R$ 6,33 bilhões Integração Nacional R$ 5,88 bilhões Saúde R$ 5,6 bilhões Secretaria de Aviação Civil R$ 4,6 bilhões Ciência e Tecnologia R$ 1,387 bilhão

Fonte: Projeto de Lei Orçamentária 2013

Integração e Cidades sem mudança Apesar das divergências entre PT e PSB, sobretudo nas eleições municipais no Nordeste, Dilma manterá o partido do governador Eduardo Campos no controle do Ministério da Integração Nacional. Prestigiado, Fernando Bezerra Coelho anunciou, na última sexta, R$ 1,8 bilhão para o programa de combate à seca na região — o PAC Prevenção. A presidente também vai manter o PP no comando do Ministério das Cidades, que administra R$ 6,33 bilhões em investimentos para 2013. Hoje, o ministro é Aguinaldo Ribeiro.