O globo, n.31460, 25/09/2019. País, p. 08

 

Governo deve liberar mais recursos a senadores 

Natália Portinari 

Naira Trindade 

25/09/2019

 

 

Pressionado por senadores, o governo estuda um novo projeto de liberação de crédito no Orçamento. O valor deve ser usado para pagar emendas e verbas extraorçamentárias a senadores, para que apoiem o governo em votações importantes nas próximas semanas.

Na pauta do Congresso Nacional, há um projeto apresentado pelo Executivo em agosto que abre um crédito de R$ 3 bilhões no Orçamento. O valor deve ser usado para quitar o compromisso com deputados que votaram a favor da reforma da Previdência. Depois disso, porém, seria preciso atender aos senadores, que pleiteiam uma liberação de até R$ 5 bilhões. Na Casa, além da Previdência, será votada a indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) à embaixada do Brasil em Washington, além do nome de Augusto Aras à Procuradoria-Geral da República (PGR). A troca de emendas por apoio político é criticada por especialistas

Nos bastidores, senadores se valem dessas duas votações para argumentar que precisam de uma liberação maior que a Câmara. Vicelíder de governo no Senado, Izalci Lucas (PSDB-DF) afirmou haver um acordo para o governo enviar um novo pedido de liberação de crédito suplementar (PLN) para pagar emendas parlamentares de senadores.

—O (PLN) do Senado não veio ainda. Está em elaboração, falta vir. Mas há um combinado para o governo mandar — disse, sem responder qual seria o valor.

ABAIXO DO PROMETIDO

Na Câmara dos Deputados, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, prometeu até R$ 40 milhões para prefeituras indicadas por deputados para quem votasse a favor da reforma da Previdência. Os municípios foram indicados para receber verbas extraorçamentárias, ou seja, os valores não ficam vinculados aos nomes dos parlamentares.

Lideranças já admitem que, na Câmara, o valor factível de pagamentos ficará bem abaixo do prometido, já que, considerando todos os votos a favor da reforma, o total seria de mais de R$ 14 bilhões. O Ministério da Saúde liberou R$ 2,1 bilhões a prefeituras indicadas por deputados entre julho e agosto, como mostrou reportagem do GLOBO.