O globo, n.31460, 25/09/2019. Economia, p. 32

 

Votação da Previdência no Senado é adiada 

Geralda Doca 

25/09/2019

 

 

O Senado adiou para a semana que vem a votação da reforma da Previdência, mas pretende manter o cronograma e aprovar o texto em segundo turno ainda na primeira quinzena de outubro. A votação do parecer do senador Tasso Jeiressati (PSDB-CE), prevista para ontem na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), foi suspensa na esteira da pressão dos senadores para que o governo libere verbas de emendas parlamentares e também como reação à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de acatar um mandado de busca e apreensão no gabinete do líder do governo, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).

O presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP) garantiu que o prazo de votação da reforma continua valendo. Na segunda-feira, para pressionar o governo, ele já havia decidido adiar em um dia a votação do projeto em primeiro turno no plenário do Senado, prevista para ontem, antecipando a sessão do Congresso que apreciaria vetos governamentais e a Lei de Diretrizes Orçamentárias.

‘ERRO DE ESTRATÉGIA’

Diante de mais um adiamento, os líderes do governo e da oposição chegaram a um acordo para tentar manter o cronograma original. Assim, a votação foi remarcada para a próxima terça-feira na CCJ e no plenário do Senado, em primeiro turno. Alcolumbre ressaltou que a votação final deve ocorrer na primeira quinzena de outubro:

— No acordo construído hoje (ontem), vota-se a reforma na CCJ na terça pela manhã e, à noite, no plenário em primeiro turno. Se pudermos fazer até 10 de outubro, ótimo. Senão, vai continuar o calendário da primeira quinzena.

O acordo prevê a quebra dos prazos entre a votação do primeiro e do segundo turnos. A presidente da CCJ do Senado, Simone Tebet (MDB-MS), reforçou que o cronograma da votação pode ser mantido:

— É possível e tem acordo dos líderes da oposição para que a gente quebre o interstício se for necessário para votar a reforma da Previdência até dia 10 de outubro.

Ela criticou a decisão de cancelar a sessão de ontem, pois isso pode sinalizar uma “dúvida” quanto à reforma:

— Houve um erro de estratégia, acho que não é um momento de sinalizar qualquer dúvida para a sociedade em relação a reforma da Previdência, mas, como não somos líderes e houve uma determinação dos líderes, cabe a mim apenas cumprir a determinação da Mesa Diretora.

Tasso se declarou surpreendido pela decisão:

— Acho um erro adiar a Previdência, o Brasil todo está esperando por isso, mas vamos obedecer às lideranças.