Título: Enem busca afirmação
Autor: Castro, Grasielle
Fonte: Correio Braziliense, 01/11/2012, Brasil, p. 9
Após falhas sucessivas, o exame que ganhou status de vestibular nacional tenta não levar bomba no quesito organização
A ideia era avaliar o que o aluno aprendeu nos anos finais da avaliação básica, mas, nesses 14 anos de existência, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) se tornou uma espécie de vestibular nacional. Prevista para ocorrer neste fim de semana, a prova anima quem pretende tentar mais de uma universidade e fazer apenas um teste. No entanto, não são todas as instituições que aceitam o Enem, e ainda há muitas críticas quanto à lisura do processo, que tem sido alvo de constantes falhas.
No ano passado, por exemplo, questões do pré-teste vazaram e foram usadas no material de estudo do Colégio Christus, de Fortaleza. Um aluno conseguiu mudar a nota da redação de zero para 880 após advogados descobrirem erro técnico na correção. Além de contratempos corriqueiros como problemas com fiscais, em 2010, os gabaritos divergiam das provas e, em 2009, o caderno foi furtado da gráfica e a seleção teve que ser adiada. Apesar dos problemas, a prova cresceu, e é vista, hoje, como mais uma modalidade de ingresso no ensino superior.
Com a nota do Enem, o estudante pode se inscrever no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e consultar as vagas disponíveis, pesquisando as instituições e seus cursos. Quem faz o Enem no Distrito Federal, por exemplo, pode concorrer a uma oportunidade em outras instituições do país. Algumas usam a nota como critério único de seleção; outras, como requisito para algumas vagas. Há ainda as que usam a pontuação como complemento da nota do vestibular. A Universidade de Brasília (UnB) é uma das que adotam o exame como critério de seleção das oportunidades que não foram preenchidas no vestibular. Neste segundo semestre, por exemplo, sobraram mais de mil vagas.
Fernanda Barroso, coordenadora de um cursinho preparatório na Asa Norte, considera que o Enem entrou no rol das grandes seleções do país. "A maior vantagem é servir como mais uma porta de entrada para a UnB. É como uma opção a mais. E se o aluno não conseguir, ele ainda pode apostar em outras federais. Sem contar que é uma oportunidade de treinar para o vestibular tradicional e rever o que foi ensinado."
O estudante do 3º ano do ensino médio Pedro Pitanga, 17 anos, é um dos que pensam em usar a nota para duas opções. "Primeiro, vou tentar o curso de arquitetura na UnB, mas se não conseguir, vou tentar a Universidade Federal da Bahia e a Universidade Federal do Rio de Janeiro, que aceitam a avaliação", diz. Para Lucas Augusto Moreira, 19, colega de Pedro, o Enem tem um peso grande. "Quero fazer Geologia e, se não der certo aqui em Brasília, vou usar a nota para tentar na Universidade Federal de Minas Gerais e na UFRJ."
Editais para criar cursos superiores O Ministério da Educação estuda novos mecanismos para a criação de cursos superiores no país. De acordo com o secretário de Educação Superior da pasta, Amaro Henrique Lins, a ideia é fazer a autorização com base em editais, elaborados de acordo com a demanda educacional e profissional no país. Atualmente, o processo ocorre no "balcão" do MEC. "Se há excesso em vagas no direito, vamos apontar locais em que ainda haja cursos que são necessários, onde há demanda de advogados", exemplificou Lins, ontem, em audiência na Câmara dos Deputados.
5,7 milhões Quantidade de estudantes que devem prestar o Enem neste fim de semana