Correio braziliense,n.20553, 31/08/2019. Economia, p.7

 

Informal reduz desemprego

Alessandra Azevedo

Catarina Loiola

​31/08/2019

 

 

Com alta da informalidade, diminuiu o número de brasileiros sem trabalho no trimestre encerrado em julho, na comparação com o período entre fevereiro e abril. De 12,5%, a taxa de desemprego caiu para 11,8%, de acordo com a Pesquisa Nacional de Empregados e Desempregados (Pnad) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada ontem.
De acordo com o levantamento, 12,6 milhões de pessoas continuam em busca de trabalho. Outras 609 mil conseguiram sair da fila do desemprego, uma queda de 4,6% em relação a igual período de 2018. O problema é que a aparente melhora é reflexo direto do aumento da informalidade, que atingiu recorde histórico no último trimestre. Dos 93,5 milhões de brasileiros empregados, 38,6 milhões são informais, o que equivale a 41,3% da população ocupada.
“Apesar da redução da desocupação, e o aumento expressivo de pessoas ocupadas, o mercado insiste em gerar postos de trabalho voltados para a informalidade”, afirmou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE. Mais da metade das mais de 2 milhões de vagas criadas em um ano são de trabalhadores por conta própria, que, ressaltou Azeredo, é a forma mais expressiva da informalidade.
Esse tipo de emprego atingiu recorde da série histórica no último trimestre, com alta de 1,4% na comparação entre abril e junho deste ano. Só nos últimos três meses encerrados em julho, 343 mil brasileiros entraram no ramo. Já o número de empregados sem carteira assinada atingiu 11,7 milhões de pessoas, com alta de 3,9% em relação ao trimestre anterior e de 5,6% ao mesmo período de 2018.
Apesar disso, a quantidade de empregados no setor privado com carteira assinada permanece estável, registrando 33,1 milhões de pessoas. Como uma das perguntas da pesquisa costuma questionar aos cidadãos se estão ou não procurando emprego, muitas vezes, quem arruma um bico acaba não se movimentando nesse sentido naquele período do levantamento, o que acaba contribuindo para a queda na taxa de desemprego.
Não à toa, a população subutilizada continua elevada. Somou 28,1 milhões, sem alteração significativa em comparação ao trimestre anterior, mas subiu 2,6% comparado ao mesmo período de 2018. “O resultado não significa grande melhora, porque, no mercado informal, o emprego não é de qualidade. Mas é melhor do que estar desempregado. Apenas investimento econômico poderá garantir mais empregos formais”, afirma o economista Carlos Alberto Ramos, professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB).
Segundo o economista, a tendência é que a taxa de desemprego continue caindo, aos poucos, a não ser que algum problema internacional interfira na economia brasileira. Na avaliação da pesquisadora da área de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) Laisa Rachter, a economia ainda não se recuperou da crise iniciada entre 2015 e 2016. “A taxa de subutilização continua alta porque as empresas estão ofertando menos trabalho do que gostariam”, destacou.
Não houve variação significativa nos dados de desalentados — pessoas que desistem de procurar uma vaga porque acreditam que não vão encontrar ou por se considerarem pouco qualificadas. Há 4,8 milhões de brasileiros nessa situação. “Se a pessoa não tem esperança que vai encontrar um trabalho, ela para de procurar. Como os indicadores de atividade econômica têm melhorado pouco, os números seguem junto”, explica a Rachter. As pessoas fora da força de trabalho chegaram a 64,8 milhões, quantidade semelhante a períodos anteriores.

Rendimento

 

De acordo com a Pnad, os empregados estão recebendo menos do que no trimestre anterior. O rendimento médio do trabalhador caiu 1% no período, passando de R$ 2.311 para R$ 2.286. A massa de rendimento, entretanto, ficou estável. Isso se explica pelo fato de que as novas vagas ocupadas são informais, que costumam oferecer salários mais baixos. Mas, como tem mais gente trabalhando, a massa total das remunerações fica estável.

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51 planos suspensos

31/08/2019

 

 

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) suspenderá a comercialização de 51 planos de saúde oferecidos por 10 operadoras a partir de 6 de setembro. A medida foi tomada depois do registro de reclamações de consumidores sobre negativas de cobertura e descumprimento de prazos máximos para realização de consultas, exames e cirurgias, entre abril e junho.
A análise das queixas se dá dentro do programa de monitoramento da garantia de atendimento, cujo objetivo é exigir que as operadoras assegurem aos usuários o acesso aos procedimentos previstos em contrato. Para que a comercialização possa ser retomada, será preciso melhorar a qualidade do serviço para as 278,6 mil pessoas vinculadas atualmente aos 51 planos. Novos clientes não poderão ser aceitos enquanto a ANS mantiver a suspensão.
A Agemed e Assistência Médica Infantil (AMI) são as duas operadoras mais afetadas. Cada uma ficará impedida de comercializar 14 planos. A ANS, no entanto, liberou a venda de 28 planos de 11 operadoras que haviam sido suspensos em avaliações anteriores.
No site da ANS, é possível ter acesso à lista completa dos planos liberados e suspensos. Também é possível consultar informações do monitoramento de cada operadora, conferindo o histórico e verificando se ela já foi afetada em alguma avaliação passada. Há ainda uma classificação das empresas conforme o desempenho.