Título: Poupança ainda é a preferida
Autor: Furbino, Zulmira
Fonte: Correio Braziliense, 01/11/2012, Economia, p. 14

Ao contrário das previsões, a poupança continua sendo o destino preferido dos brasileiros para as suas economias e uma boa opção para guardar o 13º salário. Até 25 de outubro, data dos últimos dados fornecidos pelo Banco Central (BC), o saldo da caderneta somava R$ 476,5 bilhões contra R$ 473,2 bilhões em setembro. No atual cenário, de taxa de juros básica (Selic) em 7,25% ao ano, os lucros da aplicação no décimo mês do ano praticamente empataram com o CDI (Certificados de Depósito Interbancário), e saíram à frente do ouro e da bolsa de valores. No mês passado, de acordo com a V10 Investimentos, a Bovespa registrou queda de 3,56% e o ouro caiu de 2,67%, enquanto a poupança rendeu 0,43%, e o CDI, até ontem, 0,55%, sem descontar o Imposto de Renda e as taxas de administração.

Com as novas regras, os depósitos realizados a partir de 4 de maio deste ano passaram a ter a Selic como parâmetro de rendimento. Com a taxa igual ou menor que 8,5%, a poupança gera ganho de 0,5% mais TR. Com a Selic maior que 8,5%, o lucro é de 70% da Selic mais TR. Apesar disso, a captação tem se elevado nos últimos meses. Em setembro, a diferença entre o total de depósitos e de saques realizados foi de R$ 5,9 bilhões. Em outubro, até o dia 25, somou R$ 1,3 bilhão. O fenômeno tem explicação. “A poupança tem preservado as captações por causa da elevação do rendimento nas classes mais baixas, que não têm recursos suficientes para aplicar em outros investimentos e nem conhecem produtos mais sofisticados”, explica o consultor de finanças Paulo Vieira.

Outro fator que move os brasileiros em direção à caderneta, que fez aniversário ontem, é que as pessoas estão mais inseguras com a crise, explica Vieira. “Nossa cultura está sendo formada, e as pessoas estão inseguras. Preferem algo que conhecem, mesmo que tenham um ganho menor”, diz. Para Lucas Roque de Castro, sócio da V10 Investimentos, ao receber a gratificação, os investidores precisam ter em mente as metas com a aplicação financeira. “Se existe um objetivo de fazer algo com esse dinheiro a curto prazo, como uma viagem no próximo semestre ou trocar o carro, o melhor é ficar na renda fixa. A poupança e o CDI estão empatados”, sustenta.

» Mais confiante

A confiança do brasileiro na economia do país melhorou em outubro. O Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec), medido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), cresceu 2,8% em relação a setembro, atingindo 116,4 pontos. Segundo a entidade, esse é o maior valor desde janeiro de 2011. Na comparação com outubro do ano passado, o índice de confiança cresceu 3,1%. “Os brasileiros acreditam na recuperação da economia. Por isso, esperam que os preços e o desemprego não aumentem nos próximos meses”, avaliou o economista da CNI Marcelo Azevedo.