Título: CPI termina no fim do ano
Autor: Valadares , João
Fonte: Correio Braziliense, 02/11/2012, Política, p. 4

A prorrogação da CPI do Cachoeira por apenas 48 dias, tempo que não permite a ampliação do foco de investigação e nem a convocação de novos depoimentos, foi oficializada, na tarde de ontem, após o vice-presidente do Senado Federal, Aníbal Diniz (PT-AC), fazer a leitura em plenário do requerimento que havia sido protocolado na Mesa Diretora pelos partidos da base no dia anterior. A vitória do governo contou com a assinatura de 222 deputados e 41 senadores favoráveis a prorrogar os trabalhos só até o fim do ano. Para isso, eram necessárias apenas 171 adesões na Câmara e 27 no Senado.

O deputado Odair Cunha (PT-MG), poré, já avisou que vai apresentar o relatório em 20 de novembro. Depois, os integrantes terão até o dia 22 de dezembro, quando termina a atual legislatura, para debater e votar o documento. De acordo com Odair, o relatório será bastante contundente.

Pelo prazo original, a CPI deveria encerrar os trabalhos em 4 de novembro. A oposição ainda tentou colher assinaturas para que a investigação fosse prorrogada por 180 dias. O maior objetivo era quebrar o sigilo de 12 empresas fantasmas que foram abastecidas pela Construtora Delta, com o objetivo de lavar dinheiro sujo que irrigou campanhas eleitorais em 2010. Com a aprovação de um prazo tímido, mais de 500 requerimentos, incluindo aqueles que solicitavam a quebra dos sigilos das firmas fantamas, foram suspensos.

Ontem, o Ministério Público do Rio de Janeiro instaurou inquérito civil para apurar irregularidades em contratos firmados entre a prefeitura carioca e a Delta, no foco de um dos maiores escândalos de corrupção da história do Brasil, revelado a partir das investigações da Operação Monte Carlo da Polícia Federal. O procedimento investigativo vai levar em consideração os últimos três anos. Existem fortes suspeitas de que a construtora teria sido beneficiada com algumas dispensas de licitação autorizadas pela prefeitura. Grande parte dos contratos foi assinada após as enchentes que atingiram o Rio de Janeiro em abril de 2010.

Na sessão administrativa da CPI de quarta-feira, as relações da Delta no Rio de Janeiro motivaram um bate-boca entre os deputados Rubens Bueno (PPS-PR), líder do partido na Câmara, e Leonardo Picciani (PMDB-RJ). A discussão teve início no momento em que Bueno acusou a comissão de deixar de convocar, deliberadamente, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB). “Quando foi negada a presença do senhor Sérgio Cabral aqui, para mim ele passou a ser o principal suspeito. Estamos há 60 dias sem tomar uma decisão nesta CPI”, declarou. Para defender o governador, Picciani chamou o líder do PPS de leviano. Com o tom elevado, Bueno retrucou. “Leviano é você.”